Medo de se arriscar não deve te impedir de se aventurar e realizar sonhos
Morte da jovem Juliana Marins acendeu uma discussão entre o medo de enfrentar qualquer perigo e a vontade de viver a vida

morte da brasileira Juliana Marins, de 24 anos, confirmada nesta terça-feira (24) pela família da jovem, continua chocando internautas e incitando comoção nas redes. Mas não só isso: desde o anúncio, ainda na última sexta-feira (20), de que Juliana havia caído e estava perdida na trilha do vulcão Rinjani, na ilha de Lombok, na Indonésia, a galera nas redes compartilha empatia, revolta e até medo em se aventurar no futuro.
Logo após a divulgação da queda de Juliana, um balão pegou fogo em Santa Catarina, levando oito pessoas à óbito. A proximidade dos dois acidentes e a fatalidade de ambos foi suficiente para que boa parte dos internautas no X (ex-Twitter), principalmente, declarassem que nunca iriam voar de balão ou fazer trilhas perigosas em vulcões pelo mundo — interpretando os acidentes como um aviso. Uma parcela dessas pessoas chegou a questionar turistas como Juliana que enfrentam atividades tão arriscadas, comentando “por que ela foi fazer essa trilha?”.
Não voar de balão ✅
Não escalar um vulcão na Indonésia ✅
Não viajar pra um país em guerra ✅Semana de aprendizados
— Peituda Metida 🍋 (@apertaechupa) June 22, 2025
“ah meu deus quem viajaria de balão?? quem subiria um vulcão na indonésia??”
disse a colega após pegar um uber moto 3h da manhã na cidade do rio de janeiro
— nathe (@natheaquino) June 23, 2025
Mas será que o perigo só existe em atividades mais radicais ou até perigosas? Isso é o que outra parcela dos internautas vem questionando e apontando nos últimos dias. Acidentes de trânsito, domésticos, naturais envolvendo mudanças climáticas, com animais no meio ambiente e até dentro de academias também são uma realidade; a verdade é que, em qualquer lugar, até dentro de casa, existem riscos e podem acontecer acidentes imprevisíveis. No clássico da literatura A Hora da Estrela, de Clarice Lispector, por exemplo, a protagonista Macabéa falece após ser atropelada.
Frente a acidentes trágicos como o das pessoas que faziam o passeio de balão ou o de Juliana, agravado pela demora do auxílio e do resgate, é natural sentir medo — e faz parte! Se você não se sente confortável para encarar a trilha até um vulcão, ou reconhece suas limitações físicas, não tem por que se colocar nessas situações. Contudo, é importante não deixar de viver pelo medo. Em um dos tweets, uma usuária defende: “Viver é um risco. Para morrer, basta estar vivo”.
gente, vcs sabem que viver é arriscado, né? que atravessar a rua é um risco, carregar peso na academia é um risco, entrar no mar é um risco, até ficar trancado em casa é um risco… enfim, viver é um risco em si. já dizia minha finada vó: pra morrer basta estar vivo. melhorem.
— piranha narcisista (@sacoledepinga) June 22, 2025
Os comentários sobre o caso do balão e da Juliana Marins na Indonésia me deixam maluca. “O que a pessoa foi fazer num lugar desses?” Sei lá, VIVER? Conhecer o mundo? Explorar? Nem todo mundo se contenta em se trancar no quarto. Pra morrer basta estar vivo. Viver também é um risco
— ִbichinho de matar com pedra (@bigmotherfcker) June 22, 2025
blz já entendi vc não vai morrer fazendo trilha num vulcão mas talvez morrer fazendo coisas bobas do cotidiano tipo morrer pelado tomando choque no chuveiro elétrico seja mto mais humilhante será que é isso msm que vc quer pro seu futuro???
— milena (@wwwmlna) June 23, 2025
Por outro lado, isso não significa ignorar sinais de alerta e se aventurar em situações com potencial claro de serem fatais. Após a repercussão do caso de Juliana, diversas pessoas compartilharam suas experiências pessoais enfrentando trilhas de vulcões na Ásia, incluindo a que Juliana estava participando.
Entre os comentários, uma opinião era unânime: os guias e as empresas de turismo não são transparentes quanto à dificuldade da trilha e ao longo da subida, os guias não costumam parar, ajudar e até ter ferramentas para socorrer um turista. Ou seja, é um passeio que deve ser refletido com seriedade, levando em consideração seu próprio preparo e os relatos de quem já se aventurou por ele.
Um desses relatos é da jornalista Domitila Becker, que fez a mesma trilha na Indonésia onde Juliana caiu. Ela confirma a dificuldade do percurso mas lembra que a jovem fez o que todos devem fazer em qualquer tipo de passeio: procurar uma empresa com um guia para fazer a trilha. O grande problema e o que possibilitou a morte de Juliana, para Domitila, e diversos outros internautas, foi o descaso do próprio guia e a demora do resgate. Quanto a própria Juliana, Domitila não demora a garantir que a culpa não é dela pela fatalidade, ela era uma mulher em busca de realizar um sonho.
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