Malala revela trauma que viveu na faculdade após usar um bong

Em trecho do novo livro de memórias, divulgado pelo The Guardian, a ativista conta como a experiência trouxe à tona lembranças do ataque do Talibã em 2012

Por Juliana Morales 14 out 2025, 13h01
E

m uma noite comum no campus da Universidade de Oxford, Malala Yousafzai se encontrou com alguns amigos, que lhe ofereceram um bong – uma espécie de cachimbo de vidro usado para fumar maconha. Ela, que já havia usada a erva antes, topou experimentar inalar por aquele dispositivo. No entanto, o que era para ser mais uma nova experiência na faculdade desencadeou um episódio traumático.

Após fumar a substância, a jovem começou a se sentir mal, e sua mente foi invadida por memórias do ataque que sofreu em 2012 pelo Talibã, levando-a a um ataque de pânico. “Então tudo ficou escuro. Quando comecei a desmaiar, a verdade me atingiu: eu conhecia essa sensação, o terror de estar presa dentro do meu corpo. Isso já tinha acontecido antes”, diz em trecho da nova autobiografia da ativista, “No meu caminho”, divulgado pelo jornal britânico The Guardian.

Naquele momento, Malala relembra o desespero e sensação de estar paralisada. “De repente, eu tinha 15 anos novamente, deitada de costas sob um lençol branco; um tubo descendo pela minha garganta, de olhos fechados. Durante sete dias, enquanto os médicos cuidavam dos meus ferimentos, fiquei em coma”, escreveu.

E continuou, descrevendo como se sentiu no período em que ficou no hospital: “Por fora, parecia estar em sono profundo. Mas, por dentro, minha mente estava desperta e exibia uma apresentação de slides dos eventos recentes: meu ônibus escolar. Um homem com uma arma. Sangue por toda parte. Meu corpo carregado por uma rua lotada. Estranhos curvados sobre mim, gritando coisas que eu não entendia. Meu pai correndo em direção à maca para pegar minha mão.”

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O novo livro de memórias da Malala

O trecho acima faz parte do novo livro de memórias de Malala, intitulado “No meu caminho” e que será lançada neste mês. É o segundo livro da ativista destinado ao público adulto. O primeiro foi a autobiografia ‘Eu sou Malala’, lançada em 2013 – um verdadeiro fenômeno editorial que narrou realidade brutal dos anos posteriores ao ataque.

Nessa segunda obra, ela traz “uma história que trata de amizade e primeiro amor, de saúde mental e autodescoberta, do esforço de se manter fiel à sua identidade mesmo quando todos insistem em lhe impor rótulos”. 

Com humor, sensibilidade e franqueza, Malala se apresenta ao mundo mais uma vez, mostrando como aprendeu a transcender a definição de sobrevivente enquanto buscava a liberdade de descobrir quem realmente é”, diz anúncio da Companhia das Letras sobre a obra

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Para lembrar: o que aconteceu com a Malala

No dia 9 de outubro de 2012, a jovem, de então 15 anos, foi brutalmente baleada na cabeça enquanto voltava da escola pelo grupo radical Talibã, contrário à educação das mulheres. Tentaram parar a adolescente, que desde pequena lutava bravamente em nome de tantas outras mulheres paquistanesas pelo seu direito de estudar, da forma mais cruel e covarde possível. Mas não conseguiram.

Em 2014, aos 17 anos,  Malala entrou definitivamente para a história e se tornou a pessoa mais jovem a ganhar o Nobel da Paz. Ao lado do ativista indiano Kailash Satyarthi, 60, a jovem paquistanesa recebeu o Nobel por “sua luta contra a supressão das crianças e jovens e pelo direito de todos à educação”.

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