Madison Beer desabafa sobre sexualização que sofreu na adolescência
A cantora revelou que foi dispensada por Scooter Braun e sua gravadora aos 16 anos por ser "sexy demais para a idade" e não ter alcançado o sucesso

os 16 anos, a cantora Madison Beer viu as promessas de sucesso e de ser “uma versão feminina de Justin Bieber“ se desfazerem ao ser dispensada por seu agente, gravadora e advogados no mesmo dia. Entretanto, foi só agora, dez anos mais tarde, que a cantora revelou o motivo pelo qual foi despedida: ela era sexy demais para a idade que tinha, segundo os homens a sua volta afirmaram.
O desabafo aconteceu em entrevista à revista Cosmopolitan, em que Beer relembrou o início da carreira, a comparação com Bieber e o contrato com a gravadora e Scooter Braun, primeiro agente dela, aos 12 anos. Ela lembra que, ainda com 14 anos, a conversa entre Braun, a gravadora e o advogado dela na época era de que a cantora não só não estava fazendo o sucesso esperado, como também era muito sensual para a idade e, portanto, não poderia ser explorada como um produto sexual no entretenimento.
Eu não tinha tido sucesso o suficiente. Houve uma conversa ao meu redor quando eu tinha 14 anos, lembro que as pessoas diziam: ‘Ela é muito sexy’ e ‘Não podemos vender isso porque ela é muito jovem, então teríamos que esperar’. Era uma conversa de verdade, homens adultos falando sobre como eu era muito sexy. Eu tinha 14 anos
Madison Beer, cantora
A falta de sucesso, com apenas dois anos de contrato, medida pelos homens que cuidavam de sua carreira, e a percepção de que ela muito jovem para ser um produto sensual, foram catalisados pelo vazamento de fotos nuas de Madison aos 15 anos, que ela havia enviado para um garoto que estava saindo.
A partir desta situação, a carreira e a vida da cantora girou em torno de cyberbullying, agressão e assédio sexual e uma depressão intensa. Tudo isso a levou a ser dispensada aos 16 anos, com a afirmação, por parte de Braun, a gravadora e seu advogado, de que ela já era um fracasso, somente quatro anos após assinar o contrato.
A comparação com Bieber, usada na época tanto para pressioná-la a ser um sucesso, como também para medir o seu suposto fracasso, não se sustenta: enquanto a cantora foi medida, avaliada e descartada de acordo com quão sensual ela era, ao olhar de homens adultos, aos 14 anos, Bieber nunca passou por essa mesma régua.
Embora crescer na indústria tão jovem já seja sinônimo de comportamentos tóxicos e abusivos, ainda assim, para uma mulher, como seu corpo cresce e se desenvolve pode ser umã fatalidade: sexy demais para a idade, e ‘infelizmente’ jovem demais para não poderem abusar dessa sexualidade.
Hoje, a relação de Beer com sucesso e o mundo da música mudou, e ela prioriza sua conexão e verdade com o que compõe e canta a um potencial hit. “Não quero ter sucesso se isso significar não ser quem eu sou. Não preciso que as pessoas me amem. E não quero que as pessoas ouçam minha música se ela não for real.”
Ela define que a ideia de “ser a número um” ainda pode ser um gatilho, mas também não é algo que ela não queira ou não vá atrás. Em sua definição, ela só não restringe o sucesso a alcançar este posto, e, não acredita que um artista não deva ser menos celebrado só por não ter “chegado lá”.
“Detesto quando as pessoas diminuem o sucesso de artistas porque eles não são os número um. Você não precisa ser o número um para ter sucesso”, afirma.