“Só sabia que minha vida iria mudar dali em diante”. Aos 10 anos, Izabela Breda descobriu que tinha lúpus, a mesma doença de Selena Gomez, que fez a cantora dar mais uma pausa na carreira tempos atrás e cancelar os shows no Brasil. “Meus primeiros sintomas foram inchaço nos olhos, tornozelos e pernas. Eu também sentia muita cãibra e meus exames de sangue davam que eu estava com um nível muito baixo de plaquetas“, lembra Iza.
Esses são apenas alguns sintomas que incomodam quem tem LES (Lúpus Eritematoso Sistêmico). A fadiga é o mais comum deles, mas a Diretora Científica da Sociedade Paulista de Reumatologia, Danieli Andrade, destaca outros: “Perda significativa de cabelo, manchas vermelhas nas regiões expostas ao sol e dor nas juntas são manifestações iniciais e comuns da doença. Entretanto, o lúpus pode afetar qualquer órgão do corpo“.
Parecem sintomas bastante genéricos, mas o mais importante é que, no surgimento de qualquer um deles, a pessoa procure logo um especialista. E foi isso que a Iza fez! A mãe dela a levou a diversos médicos e todos davam um diagnóstico diferente. “Finalmente, fomos a uma reumatologista e ela suspeitou que eu estava com lúpus. Então, foram feitos mais alguns exames para termos certeza”, explica a adolescente.
A doutora Danieli conta que realmente não existe um exame único em que seja possível detectar o lúpus. “Como a doença trata-se de uma síndrome, o médico deve reunir todos os dados clínicos e exames [físicos e de laboratório] para fechar o diagnóstico“, completa.
A essa altura, você deve estar se perguntando qual é, afinal, a causa da doença? Aí que mora o problema, porque não tem resposta! “O lúpus ainda é objeto de muita pesquisa. Sabe-se que existe uma predisposição genética importante e que outros fatores, como doenças infecciosas, estresse e hormônios, podem ser o gatilho para o aparecimento da síndrome, também conhecida como LES”, conta a especialista. No caso da Iza, ela suspeita que tenha sido emocional: “Sempre fui uma garota de extremos, ansiosa e nervosa”, afirma. Mesmo assim, não dá para ter 100% de certeza.
Não apenas a forma de desenvolver o lúpus varia, mas as consequências e os sintomas também são diferentes de pessoa para pessoa. No entanto, um fato é comum a todos: a doença acomete mais mulheres jovens, como a Iza e a Selena. Em sua forma mais leve, o lúpus atinge a pele e as articulações. Contudo, em casos mais extremos, ele afeta órgãos como os rins e o cérebro, além das células do sangue, e pode ser bastante perigoso. A Dra. Danieli explica que essa é uma doença autoimune, que é quando o sistema imunológico de uma pessoa reage contra ela mesma.
Para Izabela, a pior parte de conviver com esse tipo de doença é saber que ela não tem cura. “A qualquer momento ela pode aparecer e dar uma reviravolta na minha vida”, lamenta. Hoje, porém, já existe tratamento para o lúpus e é possível controlá-lo com medicamentos. “Quando fui diagnosticada, estava num estado muito avançado e tive que fazer pulsoterapia (infusão de duas a três horas de uma solução endovenosa indicada pelo médico) e tomar remédios fortes. Depois que essa fase mais pesada passou, comecei a tomar apenas alguns comprimidos para o controle”.
De acordo com a Dra. Danieli Andrade, “a base do tratamento é ‘amansar’ o sistema imune do paciente, que está muito reativo”. Isso é feito com medicamentos imunossupressores e imunomoduladores. Mas é importante saber que esse tratamento não é igual para todas as pessoas e varia dependendo do caso.
Tratando-se corretamente, tanto a Selena quanto a Iza podem levar uma vida normal, mesmo tendo algumas recaídas no meio do caminho. “É claro que com o lúpus temos que tomar mais cuidados com a saúde, mas nada que eu tenha que sair radicalmente da minha rotina“, conta a jovem. Infelizmente, porém, não é assim com todo mundo. “O lúpus é uma doença crônica que pode deixar sequelas físicas e psíquicas“, afirma a especialista. No caso da Selena Gomez, por exemplo, ela teve depressão e ataques de pânico por causa disso.
Para quem tem a doença, além de seguir as orientações médicas quanto aos medicamentos, também é importante fazer exercícios físicos e terapias de relaxamento. E caso você não tenha e queira tentar prevenir, é possível! A reumatologista Danieli Andrade te aconselha a levar vida saudável, comer bem, fazer exercícios e procurar relaxar sempre, além de evitar anticoncepcionais à base de estrógeno, que podem ser um gatilho para o desenvolvimento da doença.
Ficou mais fácil de entender o que está acontecendo com a Selena? Realmente, o LES uma doença complicada de lidar, mas, com os devidos medicamentos e algumas adaptações na rotina, as coisas tendem a ficar sob controle.