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Juju Gol: a 1ª menina que jogou torneios de futebol com meninos no Brasil

Aos 8 anos, Júlia Rosado se tornou a única atleta federada na categoria sub-9 com autorização para disputar competições oficiais com meninos.

Por Amanda Oliveira Atualizado em 2 jun 2019, 10h04 - Publicado em 2 jun 2019, 10h00

Na infância, é comum que as meninas recebam uma boneca como um dos primeiros presentes. Mas, diferente do que muitos pais imaginam, nem todas querem uma boneca. Júlia Rosado, por exemplo, queria uma bola de futebol. Apaixonada pelo esporte desde cedo, Juju Gol, como gosta de ser chamada, tinha a bola como seu brinquedo preferido. Por volta dos 4 anos, ela até arrancava as cabeças das bonecas para fazer de bola e jogar. “Meu sonho sempre foi que as meninas pudessem ganhar bolas no lugar de bonecas”, ela disse em entrevista à CAPRICHO durante um evento organizado pela Nike, no Museu do Futebol, para incentivar o futebol feminino.

Júlia Rosado é a primeira atleta com autorização para disputar torneios oficiais com meninos. Reprodução/@jujugol/Instagram

A paixão pelo esporte e o desejo de se tornar uma jogadora de futebol profissional surgiu cedo e naturalmente. “Lembro que quando eu estava na escola, dei uma arrancada pela ponta, chutei e foi gol. Foi quando eu falei: ‘gostei, acho que isso é o que eu quero ser quando eu for maior’“, Juju Gol lembra. Ela conta que começou a jogar quanto tinha por volta de 4 anos e se inspirava na Marta, Andressa, Cristiane e Ronaldinho.

Por volta dos 5 anos de idade, Júlia entrou na escola oficial do Barcelona, no Rio de Janeiro. Depois, começou a jogar futebol de salão no clube Grau 10 e ao Paris Saint-German. Como não havia times femininos da faixa etária dela, Juju Gol sempre jogou com meninos. Em 2017, ela se tornou a primeira atleta federada para jogar no masculino, tornando-se a primeira menina com autorização para disputar competições oficiais sub-9, tanto nacionais quanto internacionais, com os meninos.

Apesar de sempre ter sido a única menina, Júlia nunca sentiu muita diferença em campo quando jogava com os meninos. “Eles nunca me trataram mal, mas, sim, os pais dos meninos que jogavam contra mim. Falavam ‘Quebra ela, puxa o cabelo, não deixa ela passar’. Isso só me motivava mais, como se fosse um elogio. Me fazia querer responder dentro de campo“, diz. Ouvir comentários negativos e agressivos vindo dos pais dos jogadores é, infelizmente, algo comum para meninas que jogam em times masculinos. Para a Juju Gol, esse tipo de comportamento não deveria ser aceito como normal. “Você tem que fazer seu sonho lá e mostrar o que você sabe, porque você foi lá para fazer isso. Não para machucar alguém“, ela opina.

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Aos 9 anos, Juju Gol é a única menina nos times de meninos. Reprodução/@jujugol/Instagram

No caminho certo para chegar ao futebol profissional daqui alguns anos, Juju Gol precisa antes conciliar os treinos e jogos com os estudos em uma rotina muito corrida. “Na segunda-feira, eu acordo e vou para a escola, almoço quando volto, estudo e faço o dever. Às 18h começa o futebol de salão e volto às 20h30. Na terça-feira, acordo e vou para a escola, almoço quando volto e descanso. Às 16h tem o Grau10, que termina às 19h30. E às 19h30 começa um outro treino, que é o do PSG. São dois treinos praticamente seguidos que eu tenho que ir“, explica.

Júlia brinca que teve um período na escola em que acontecia várias feiras de ciências para apresentar trabalhos nos finais de semana e ela não conseguiu ir em praticamente nenhuma. “Mas depois eu pegava todas as matérias e estudava em casa”, ela conta. Atualmente, Juju Gol se divide entre o futebol de salão e o de campo. Mas, apesar de achar o de salão mais emocionante, não consegue decidir de qual gosta mais.

Mesmo sendo ainda muito nova, Juju Gol já tem consciência de que o futebol feminino sofre com a falta de apoio e respeito. Por isso, ela sempre faz questão de relembrar a importância de lutar por mais igualdade dentro do esporte. “Por mais que tenhamos que lutar contra tantos obstáculos, como a incerteza, o preconceito, a falta de oportunidade, jamais pensamos em desistir. Pois é a paixão pelo futebol que move nossos sonhos e deixar de sonhar não é uma opção(…) Não jogamos por uma, jogamos por todas“, ela disse em publicação no Instagram, administrado pelos pais.

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O sonho da IGUALDADE só cresce no terreno do respeito pelas diferenças. . A igualdade pode ser um DIREITO , mas somente as nossas ATITUDES tem o poder de transformá-la em FATO. . #somostodosiguais #futebolparatodos #somostodosirmaos #nãoaopreconceito #mulheresguerreiras #jogueportodas . . Foto : @marcosfariafotografo 📸

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Temos certeza de que nossa pequena atleta tem uma carreira de muito sucesso pela frente e servirá de inspiração para muitas outras garotas que sonham em viver do esporte. Que golaço da Juju! #JogueComoUmaGarota

 

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