Jogadora de futebol sobre voltar a jogar no Brasil: ‘Não vale a pena’

Salários baixos e falta de estrutura nos clubes brasileiros fazem Andressa Alves preferir continuar jogando no Barcelona.

Por Amanda Oliveira Atualizado em 31 out 2024, 10h29 - Publicado em 15 jul 2018, 10h11

Gostar, torcer e debater sobre futebol não é uma tarefa nada fácil para as mulheres já que, mesmo que seja disfarçado em uma piadinha ou indireta, a gente sempre encontra um certo preconceito velado aqui e ali. Mas como é viver de futebol feminino? Será que o apoio e as oportunidades dos jogadores profissionais são as mesmas para as jogadoras? E não, não estamos falando (só) sobre a Marta…

No último dia 7 de julho, a Nike reuniu os apaixonados por futebol no Nike FTBL Studio, um espaço criativo perfeito para quem quer passar uma tarde customizando camisas e chuteiras, jogando uma partida de FIFA e até batendo uma bola em um campinho improvisado. Entre as convidadas do evento estavam Adriana “Imperadora”, atacante do Corinthians, e Andressa Alves, da Seleção Brasileira, que atualmente joga no Barcelona, na Espanha. A CAPRICHO esteve presente e conversou com as duas atletas sobre apoio, Copa do Mundo de Futebol Feminino e as principais diferenças entre jogar no Brasil e na Europa.

Andressa Alves, um dos grandes nomes do Barcelona. Reprodução/Instagram

Considerada uma das maiores jogadoras do país, Andressa Alves também foi a primeira brasileira a jogar no Futebol Clube Barcelona. E para ela foi impossível não notar as grandes diferenças que existem em jogar no Brasil e fora dele. “Primeiro, o apoio do clube em si é muito diferente, em questão de marketing, estrutura do centro de treinamento, de alimentação e, principalmente, de salário”, conta.

Mas, apesar de ainda receber menos que os jogadores da Seleção Brasileira de Futebol Masculino, Andressa está satisfeita com seu salário atual no clube. Durante o bate-papo no evento, ela declarou que receber o mesmo salário que Neymar e Messi não é o que ela quer – já que nem saberia o que fazer com tanto dinheiro. Segundo ela, Andressa só deseja ter um salário que não a force a procurar outro emprego depois que se aposentar do futebol.

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Apesar de querer muito ficar perto da família, Andressa não pretende voltar a jogar em um clube brasileiro. “Jogar no meu país, perto da minha família, era tudo que eu queria. Mas não vale a pena, pelo dinheiro, pela questão da estrutura e pelos campeonatos, que na gringa são mais incentivados”, diz. Na Espanha, ela tem a oportunidade de jogar na Champions League. “Aqui, infelizmente, é só Libertadores, quando tem, o Brasileiro e o Campeonato Paulista. Se eles estruturassem melhor os campeonatos, com certeza eu voltaria. Assim como outras jogadoras também”, lamenta.

Já Adriana, atacante do Corinthians, teve oportunidades de jogar em outros países, como a China, mas preferiu ficar no clube brasileiro. “Para mim, jogar no Corinthians é uma sensação incrível. Tudo que o time masculino tem a gente também tem, e o clube nos dá muito apoio. Acho que a gente tem uma comissão muito boa, então nem tenho do que reclamar”, conta. Em abril deste ano, o Corinthians fez uma campanha para calar o preconceito e atrair marcas patrocinadoras para as camisas do time feminino. Segundo Adriana, este foi o primeiro passo de uma longa caminhada. “O interesse das marcas aumentou. Com certeza melhorou bastante, mas acho que ainda falta mais”, diz.

A falta de oportunidades atrapalha, mas o preconceito é o principal obstáculo que as jogadoras ainda enfrentam. “Eu mesma sofri preconceito e quase parei de jogar, mas tive o apoio da minha família. Acho que o apoio da família é essencial nessas horas”, garante Adriana. Uma das principais artilheiras atualmente do Corinthians, ela também é chamada de “Imperadora” pelo seu grande número de gols. Feliz com seu desempenho no clube, a atacante acredita que o apelido é muito bem-vindo – mesmo que, inevitavelmente, a compare com um homem.

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Adriana. Nike/Divulgação

Entre os dias 7 de junho e 7 de julho de 2019, acontece a Copa do Mundo de Futebol Feminino na França. Para as jogadoras, as expectativas estão altas. “A gente tem que se preparar, porque vai ser bem difícil. Tem uma pressão pra cima da gente, porque o Brasil nunca ganhou um mundial, só foi vice”, explica Andressa Alves.

Segundo ela, a audiência dos jogos da Seleção Brasileira de Futebol Feminino depende muito da divulgação da mídia. “Desde o ano passado estavam falando sobre a Copa do Mundo masculina, mas agora, no último jogo do Brasil, os canais de televisão não falaram que no ano que vem tem Copa do Mundo feminina. Era a maior oportunidade da gente aparecer e as pessoas quererem assistir. Se elas não têm informação, fica difícil mesmo“, faz a critica a jogadora titular do Brasil.

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Depois não vai dizer que a gente não avisou… 😉

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