Jessica Martins usa a dança para transformar: ‘Resistência’
'A gente se torna o que a gente quiser ser!'
Enquanto fazíamos a seleção para a Galera CAPRICHO 2016/2017, nos deparamos com a inscrição de uma garota muito especial. Na época, em meados de 2016, Jessica Martins tinha 13 anos, mas a maturidade na voz de uma mulher muito mais velha, que já tinha vivido muito e enfrentando vários obstáculos. Quando a ideia para o #betheCHange surgiu, nós não pensamos duas vezes antes de convidá-la. O projeto visa através de minidocumentários mostrar como garotas estão transformando a sua realidade e, com isso, mudando o mundo. A Jessica é a mudança.
Hoje, aos 14 anos, a moradora de Guarulhos, São Paulo, faz parte do projeto cultural Sambarockano, que traz esse estilo de dança, que surgiu na década de 50 na periferia da capital paulista, para o dia a dia de jovens. A equipe de funcionários e professores é voluntária e os alunos pagam uma mensalidade simbólica só para ajudar no pagamento do aluguel do prédio onde as aulas ocorrem. Na companhia da família, Jé conta que o sambarock deixou a galera de casa ainda mais unida. “Foi uma coisa que aproximou a gente”, conta a jovem, que tem como parceiro de dança seu irmão.
Além disso, o estilo musical trouxe outras descobertas para a paulista. Foi pelo sambarock que Jessica conheceu mulheres negras empoderadas, que a deixaram ainda mais próxima do movimento negro. A adolescente, que já tinha perdido a conta de há quantos anos já alisava o cabelo, se reencontrou com o seu black power e, consequentemente, com o seu eu interior. Hoje, Jessica olha no espelho e enxerga mais que um cabelo crespo. Ela vê uma identidade, uma história, um passado. “É uma forma de resistência, de aceitação”, afirma a participante da Galera CH.
Quando questionada sobre feminismo e igualdade, Jé deixa claro que o movimento feminista tem um propósito comum, mas que o movimento negro tem suas próprias lutas. “Eu sempre quis muita igualdade entre os sexos, principalmente por ter um irmão homem”, desabafa a adolescente, que finaliza explicando um dos porquês de o machismo matar mais mulheres negras: “Enquanto a mulher branca estava lutando para poder trabalhar, a mulher negra estava lutando para ser reconhecida como gente“.
Jessica Martins é a primeira protagonista da série #betheCHange e ainda nesta semana você conhece as outras três meninas inspiradoras que estão fazendo a diferença no mundo. Enquanto isso, a dançarina tem um último recado para dar: “Ninguém nasce para algo específico. A gente se torna o que a gente quiser ser“. Lembre-se sempre disso! 😉
E aí, como você está fazendo a diferença? Como você está sendo a mudança? #betheCHange!