Janeiro Branco nos lembra que saúde mental é prioridade para o ano todo

A saúde mental deve ser vista como uma preocupação coletiva e que vai além da presença ou da ausência de transtornos mentais

Por Juliana Morales Atualizado em 8 jan 2025, 13h22 - Publicado em 8 jan 2025, 13h08
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or ser um período reflexivo, em que a galera costuma fazer um balanço sobre a vida e traças metas, o primeiro mês do ano foi escolhido para lembrar a galera sobre a importância de cuidar da saúde mental e emocional ao longo de todo o ano. Conhecida como ‘Janeiro Branco’, a campanha foi criada em 2014, pelo psicólogo e palestrante mineiro Leonardo Abrahão, para trazer mais informação e compreensão sobre o tema.

A cor branca foi escolhida para fazer referência a uma “folha ou em uma tela em branco”, pronta para as pessoas escreverem suas histórias de vida. Em abril de 2023, o Janeiro Branco tornou-se uma Lei Federal, fortalecendo seu objetivo de “fomentar uma cultura de saúde mental que impacte todos os setores da sociedade” e “permitindo ações e políticas públicas para conscientizar e promover a saúde mental em todo o país”.

 

Neste ano, o tema da campanha do Janeiro Branco é “O que fazer pela saúde mental agora e sempre?”. A pergunta busca “engajar indivíduos, famílias, empresas e instituições públicas e privadas em ações concretas que estimulem a valorização da Saúde Mental como prioridade coletiva”. Em artigo sobre o tema, o psicólogo Leonardo Abrahão destaca como as questões sociais agravam o estado de saúde mental da população.

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“A violência urbana, os preconceitos étnicos e sexuais, o machismo, o esgotamento emocional provocado pelo ritmo frenético de trabalho e o fanatismo — seja político ou religioso — são elementos que exigem uma compreensão mais ampla do que significa cuidar da saúde mental”, explica o psicólogo no texto.

Segundo os brasileiros, ‘ansiedade’ foi a palavra que melhor descreveu 2024, por refletir o “espírito de uma era de transformações rápidas e, muitas vezes, desorientadoras”. E faz sentido: a Organização Mundial da Saúde (OMS) apontou que o Brasil está entre os países com maior prevalência de ansiedade do mundo: quase 10% da nossa população convive com transtorno de ansiedade. 

“Essa compreensão implica reconhecer que ‘saúde mental’ é um conceito que vai além da presença ou da ausência de transtornos mentais clássicos: abrange a qualidade das relações interpessoais, a sensação de segurança e pertencimento, e a capacidade de lidar com os desafios cotidianos de forma equilibrada”, defende Leonardo.

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O Janeiro Branco é muito importante para a nossa galera, viu?

Quando falamos de saúde mental dos adolescentes, o cenário é preocupante. Os índices de depressão entre a nossa galera só aumenta. Pela primeira vez na história, os registros de ansiedade entre crianças e jovens superam os de adultos, segundo análise da Folha a partir da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) do SUS de 2013 a 2023, período com dados disponíveis.

E a taxa de suicídio entre jovens brasileiros cresceu 6%, entre 2011 e 2022, como mostrou o estudo do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para a Saúde (Cidacs), da Fiocruz Bahia.

Em entrevista à CAPRICHO, Karen Scavacini, doutora em Psicologia e Fundadora do Instituto Vita Alere de Prevenção e Posvenção do Suicídio, explicou que essa realidade preocupante se dá de uma maneira multifatorial e que não dá para reduzir questões tão complexas e colocar a culpa apenas nas redes sociais. Sim, a tecnologia e hiperconectividade têm grande parcela no problema, mas há muitos outros aspectos a serem discutidos, como as mudanças climáticas e o  contexto pós-pandemia em que estamos inseridos, exemplifica a especialista.

Por isso, é preciso colocar a saúde mental no centro do debate hoje e sempre.

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