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Iraniana é condenada a 33 anos de prisão por ser contra o uso do véu

Além da sentença, a ativista também foi condenada a 148 chibatadas por não concordar com a obrigatoriedade do véu islâmico.

Por Amanda Oliveira 25 abr 2019, 14h21

Uma advogada e ativista pelos direitos humanos, Nasrin Sotoudeh, foi sentenciada a 33 anos de prisão e 148 chibatadas por defender as mulheres que protestaram contra a obrigatoriedade do véu islâmico, no Irã. Aos 55 anos, ela é muito conhecida no país por ter recebido o Prêmio Sakharov para a Liberadde de Pensamento em 2012, concedido pelo Parlamento Europeu por sua luta pelos direitos humanos e contra a pena de morte.

Paolo Toffanin/Getty Images

Entre o final de 2017 e começo de 2018, as ruas do Irã foram tomadas por mulheres protestando contra a obrigatoriedade do uso do hijab, o véu islâmico que cobre o pescoço e os cabelos. Na mesma época, em junho de 2018, a advogada Nasrin Sotoudeh foi detida por policiais em sua própria casa porque defendia as mulheres que também haviam sido detidas por removerem seus hijabs nas manifestações públicas.

De acordo com informações dadas pelo marido da ativista, Reza Khandan, para a agência de notícias oficial Irna, Sotoudeh considera seu julgamento ilegítimo. A condenação da ativista foi feita com base nas acusações de “complô contra a segurança nacional”, “ameaças contra o sistema”, “instigação à corrupção e à prostituição” e “por aparecer no tribunal sem o véu”. Contudo, segundo o marido da ativista, ela só cumprirá apenas 12 anos de prisão referentes ao crime mais grave da condenação.

Khandan, marido da advogada, também recebeu uma condenação de 6 anos por postar atualizações sobre o caso da esposa no Facebook, mas ainda segue em liberdade. O casal tem dois filhos pequenos.

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A condenação de Sotoudeh gerou revolta em diversos lugares do mundo. No Twitter, o secretário de Relações Exteriores do Reino Unido, Jeremy Hunt, mostrou-se indignado com a decisão da Justiça. “Chocado ao ouvir relatos de que a defensora dos direitos das mulheres iranianas e advogada de direitos humanos Nasrin Sotoudeh foi condenada a anos de prisão e 148 chicotadas. Os direitos humanos devem ser defendidos, não processados“, escreveu.

Não é novidade que esse tipo de condenação ainda seja dada no Irã. Por exemplo, Vida Movahed foi sentenciada a 1 ano de prisão apenas por tirar seu véu em público. A pena foi dada pela iraniana “encorajar as pessoas a cometer atos de corrupção mediante a eliminação do hijab”. O ato de Movahed serviu de inspiração para outras dezenas de iranianas que também retiraram seus véus em público – e foram detidas depois. De fato, essas não foram as primeiras mulheres no Irã a protestarem contra a obrigatoriedade do véu e definitivamente não serão as últimas.

 

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