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‘Guilhotina digital’ promove bloqueio de famosos que não se posicionam

Ao trazer a discussão para o cenário brasileiro, escutamos a opinião da nossa galera sobre perfis que ainda não se manifestaram sobre a tragédia no Sul

Por Mavi Faria Atualizado em 29 out 2024, 15h49 - Publicado em 15 Maio 2024, 14h54
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Met Gala, que aconteceu no último dia 6 de maio, pode até ter acabado, mas as repercussões ainda não. Um vídeo da modelo e influenciadora Haley “Baylee” Kalil, na porta do evento, tem gerado discussão nas redes. No post que já foi excluído, ela usava o áudio do filme Maria Antonieta, de 2016, que diz “let them eat cake” (‘deixe-os comer bolo’).  A referência à rainha guilhotinada pela Revolução Francesa, que também estava presente no look de Haley, não foi bem vista.

Internautas apontaram a ironia da fala dela ao entrar em um evento cujo convite custa 75 mil dólares (mais de R$ 350 mil), enquanto protestantes pró-Palestina estavam na porta do Met contra a guerra que deixa milhares de famílias na miséria e passando fome. E não é só isso: cerca de 2.200 estudantes já foram presos nos Estados Unidos por se manifestarem a favor da Palestina sobre conflito que discorre em Gaza, segundo levantamento da The Associated Press, publicado pela Fox, emissora norte-americana.

A modelo foi bloqueada e perdeu milhares de seguidores por conta do vídeo e de todo o contexto em que ele foi publicado.

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O que é ‘guilhotina digital’?

Inspirados pela referência de Haley à Maria Antonieta, usuários começaram a clamar pela ‘guilhotina digital’, ou seja, um bloqueio em massa às contas de celebridades que foram ao evento, pagaram pelo ingresso e não se manifestam sobre a guerra que, só nos EUA, tem prendido pessoas por se manifestarem.

O objetivo do movimento é que o bloqueio interfere não só nos seguidores, mas também nas visualizações e, consequentemente, no lucro que essas pessoas adquirem por meio das redes. Desde o início do ‘digitine’, ou ‘blockout’, em referência ao bloqueio das contas, Kim Kardashian, um dos principais nomes dentro do movimento, já perdeu cerca de 3 milhões de seguidores no TikTok.

“Nós demos essas plataformas para eles e está na hora de tomarmos de volta. Vamos tirar nossas visualizações, nossas curtidas, nossos comentários e nosso dinheiro ao bloquearmos essas pessoas de todas as redes sociais que tivermos”, afirma uma usuária de nome @ladyfromtheoutside, do TikTok.

@ladyfromtheoutside

#greenscreen #greenscreenvideo #digitine #digitalguillotine #haleyybaylee

♬ original sound – Meagan

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Perfis destinados ao movimento, como o @blockout2024 e o @digitineguillotine, no TikTok, têm postado listas de personalidades que não se manifestaram e devem ser bloqueadas. Na lista, além de Kim Kardashian, outros nomes que aparecem são Tom Brady, Beyonce, Rihanna, Drake, Hailey Bieber, Taylor Swift, Jimmy Fallon, Selena Gomez, Dwayne Johnson ‘The Rock’, Kevin Hart, Shakira, Harry Styles e tantos outros. A principal justificativa do movimento é que essas e outras personalidades possuem uma grande plataforma e influencia que poderia estar sendo utilizada para ajudar, conscientizar e salvar a vida de pessoas inocentes que estão sofrendo com a guerra.

@blockout2024

You can also block news outlets that clickbait and artists on spotify

♬ original sound – blockout2024

Não tão distante do Brasil

O Met Gala não aconteceu aqui no Brasil e não são nossos estudantes que estão sendo presos em universidades brasileiras. Mesmo assim, o país tem vivido uma das piores catástrofes climáticas da história e mais de 400 cidades e 500 mil pessoas estão desabrigadas em virtude das inundações no Rio Grande do Sul. Lyra Ribeiro, especialista em comunicação social, gravou um vídeo para a rede simulando uma situação hipotética para entendermos melhor o que está acontecendo daqui.

“O que ela fez [Haley Baylee] equivale a se uma influencer hipotética se vestisse toda de azul e fizesse um vídeo falando que é só uma aguinha que tá caindo no Rio Grande do Sul e ainda imitasse uma pessoa se afogando”, explica no vídeo.

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@lyralibero

Para os BR que não estão entendendo o movimento dos americanos bloquearem as celebridades, resumi tudo nesse vídeo, bota no 2x e só vai 🙏🏻 #criacaodeconteudo #creatoreconomy #aprendanotiktok #blockout2024

♬ som original – Lyra Libero • MKT & TIKTOK

Embora essa situação não tenha acontecido e nenhuma personalidade tenha feito esse vídeo, desde o início das movimentações para ajudar a galera do sul, enquanto muitas celebridades têm se movimentado para angariar fundos, produtos e doações, outras não tem se manifestado sobre o caso ou utilizado sua plataforma para ajudar de algum jeito, seja fazendo rifa, enviando ajuda financeira ou recolhendo produtos para serem doados. A ‘guilhotina digital’ é válida nesses casos?

O que os jovens pensam sobre a ‘guilhotina digital’

Conversamos com a Galera Capricho para entender o que eles pensam sobre bloquear massivamente celebridades que não se posicionam, apesar da grande visibilidade que têm.

Para o Eduardo Rodrigues, 16 anos, o bloqueio dos perfis não é uma possibilidade porque ele tenta entender que aquela pessoa também pode ter diversos motivos, como medo da crítica, para se manter neutro. Contudo, ele acredita que o posicionamento é necessário e, quanto aos que não se manifestam, “continuarei seguindo, mas, obviamente, no momento onde estamos dessa catástrofe, irei dar minha principal audiência a celebridades que estão ajudando realmente tudo isso”.

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Já no caso da Bianca Ramos, 17 anos, o sentimento é de decepção. Para ela, por mais que ninguém seja obrigado a se manifestar, se uma pessoa possui o poder de influenciar tantas pessoas, é importante se posicionar nessas situações.

“Quando você se ausenta de algum assunto muito sério, como do Rio Grande do Sul, causa uma impressão de que você não se importa com o que está ocorrendo, então me incomodou sim pessoas influentes que não se posicionaram sobre, principalmente algumas que moram na região sul e seguiram postando coisas rotineiras como se uma catástrofe não estivesse acontecendo perto delas”, explica.

A Laura Hamad, 18 anos, também acredita que o posicionamento das celebridades em momentos como estes é necessário, e adere ao movimento de deixar de seguir quem se mantém neutro. “Não sigo figuras públicas que se mantém ociosas em momentos críticos. Não sigo àqueles que se mantém calados diante à limpeza étnica da Palestina, ou da escravização que o Congo está sofrendo. Quiçá apoiarei àqueles que não se manifestam sobre as tragédias climáticas que afetam o próprio povo, o próprio país”, pontua.

Por mais natural que pareça ser, para algumas pessoas, deixar de seguir, bloquear ou evitar o contato com personalidades que não se manifestam, a Ana Bia, 18 anos, nos contou que essas ações nunca foram uma possibilidade para ela porque ela tem visto tantos perfis buscando ajudar e se movimentando sobre a causa que aqueles que não se manifestam passar despercebidos.

E você, já tinha parado para pensar em como os perfis que você segue estão se comportando?

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