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Governo retira temas como violência contra a mulher de edital de livros

Gestão Bolsonaro muda edital de livros destinado ao ensino fundamental; assuntos como violência contra a mulher e relevância dos quilombolas estão fora.

Por Isabella Otto Atualizado em 9 jan 2019, 15h45 - Publicado em 9 jan 2019, 15h45

A sigla PNLD significa Programa Nacional do Livro Didático e é utilizada para designar todo o programa de livros destinados a estudantes do ensino fundamental (6º ao 9º anos) de escolas de educação básica pública, das redes federal, estaduais, municipais e do Distrito Federal. O projeto do governo federal, que tem como objetivo promover a leitura nos colégios de forma gratuita, sempre sofre pequenas alterações, mas talvez essas mais recentes sejam as mais drásticas em anos!

Reprodução/Reprodução

No último dia 2, o site do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação divulgou o edital consolidado do PNLD 2020 já com as alterações feitas pela gestão Bolsonaro. A partir de agora, as novas leituras não mais precisam estar comprometidas com a agenda da não violência contra a mulher. Além disso, assuntos relacionados aos quilombolas, principalmente os que promovem a cultura dos descendentes de africanos escravizados, e aos povos do campo foram suspensos.

Se anteriormente o edital exigia que livros didáticos apresentassem as referências bibliográficas, agora as editoras não precisam mais ter essa preocupação. Por outro lado, publicidades, que no edital 2018 ainda estavam vetadas, podem retornar às páginas, já que essa parte do edital também foi excluída. Vale lembrar que propagandas são vetadas pelo Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente.

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Mais uma alteração foi feita no edital: agora, não existe mais a preocupação com diversidade nas ilustrações das obras. A pluralidade social e cultural do país pode ser deixada de lado, já que esse trecho também foi apagado.

A justificativa para tais alterações dadas por membros do atual governo é que esses assuntos que sofreram alterações são “de esquerda”. É importante ressaltar que a secretaria do MEC responsável por ações que promovem a diversidade e os direitos humanos na educação foi dissolvida por Ricardo Vélez Rodriguez, atual ministro da educação. Recentemente, Eduardo Bolsonaro, filho do Presidente da República, usou o Twitter para mandar um recado para os professores: “seu aluno que inicia agora o 1º ano do ensino médio não precisa saber sobre feminismo, linguagens outras que não a língua portuguesa ou história conforme a esquerda, pois o vestibular dele será em 2021 sob a égide de pessoas da estirpe de Murilo Resende (novo coordenador do Enem)”, escreveu.

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