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Governo Bolsonaro reduziu em 94% orçamento de políticas em prol da mulher

Instituto de Estudos Socioeconômicos fala em "desmonte generalizado de políticas sociais"

Por Bruna Nunes Atualizado em 30 out 2024, 15h31 - Publicado em 30 set 2022, 13h13
Fotografia de uma mulher se protegendo com as mãos
AngiePhotos/Getty Images

Em 4 anos de gestão, o governo Bolsonaro propôs 94% menos recursos para políticas públicas de combate à violência contra a mulher, valor muito abaixo dos anos anteriores do Orçamento da União. Entre 2020 e 2023, foram indicados R$ 22,96 milhões para essas políticas específicas, enquanto, no período de 2016 a 2019 (o que não foi enviado pelo atual presidente), o valor era de R$ 366,58. Os dados foram levantados pelo Inesc (Instituto de Estudos Socioeconômicos), uma organização não-governamental sem fins lucrativos.

De acordo com Carmela Zigoni, assessora política do instituto, os recursos servem para impulsionar a rede de proteção e enfrentamento à violência contra a mulher, como serviços públicos, convênios para organizações locais e apoio para a vítima que está vulnerável. “O Ligue 180 é o primeiro contato da vítima, mas depois ela tem de ser acolhida pela polícia, para saúde, para assistência social ou Judiciário”, explicou a profissional em entrevista ao G1.

Zigoni completa explicando que esse apoio é de extrema importância, pois muitas mulheres se sentem dependentes do agressor, inclusive economicamente. 

Gráfico
G1/Reprodução
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A justificativa do Governo

Segundo o governo de Jair Bolsonaro, os recursos estão sendo previstos por meio de “planos orçamentários”, que não estão na lei. Nesse meio, na verdade, o que se tem é o detalhamento gerencial desses planos. “Esses valores podem mudar, e o governo não precisa pedir autorização para o Congresso”, justificou Júlia Rodrigues, consultora de Orçamento da Câmara dos Deputados, que também explica que as secretarias podem remanejar internamente o valor e não precisam gastá-lo em totalidade.

Basicamente, o governo alega que os valores propostos foram maiores que os R$ 22,96 milhões expostos – mas as novas contas resultam em um valor de R$ 39,86 milhões, ou seja, ainda 89,1% menor que o dos quatro anos anteriores

Na avaliação do Inesc, Carmela explica que “a ação orçamentária não garante a execução, porém a alocação”, ou seja, o recurso precisa ser gasto. Se não gastam o valor, há problemas de gestão. Esse caminho por meio desses planos orçamentários dificulta ainda mais esse gasto e traz fragilidade para as políticas públicas. 

Para o Inesc, essa proposta significa um “desmonte generalizado das políticas sociais” e que “o próximo governo terá muito trabalho para combater as desigualdades sociais que se aprofundaram nos últimos anos e garantir os direitos humanos”.

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