Garota de 14 anos luta contra o casamento infantil no Paquistão

Lá, a tradição é que garotas sejam 'oferecidas' em casamento para manter terras nas famílias ou acabar com disputas

Por Malu Pinheiro Atualizado em 4 nov 2024, 13h39 - Publicado em 24 nov 2015, 11h40

Hadiqa Bashir tem 14 anos, é ativista e vive no vale do Swat, no Paquistão, mesmo local onde Malala morava . Lá, as mulheres ainda lutam por direitos básicos. “Uma das minhas colegas de classe se casou quando estávamos na sexta série”, disse em entrevista à BBC Brasil . “No início, estávamos todos felizes, mas então eu vi como minha amiga sofreu. Percebi que muitas outras meninas vão sofrer como ela. É por isso que eu comecei minha campanha”, afirma Hadiqa, que começou uma campanha contra o casamento infantil.

A adolescente decidiu tomar uma atitude para tentar mudar essa “tradição”. Depois de ir para a escola, ela visita várias casas para tentar conscientizar as famílias sobre o casamento forçado. ” É uma sociedade patriarcal. Muitas meninas não recebem seus direitos “, afirma a paquistanesa, que desabafa: “eu tento espalhar a consciência sempre que posso, especialmente para os pais, mas não é fácil”.

Em 1950, o Paquistão assinou uma declaração admitindo que o casamento infantil é uma violação dos direitos humanos básicos. Entretanto, isso não pareceu mudar muito as crenças da região. De acordo com estimativas recentes, uma em cada três meninas é obrigada a se casar antes de completar 18 anos .

Tradições: como desmistificá-las quando preciso?

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