Gap year: assim como a filha de Obama, muitos jovens investem no ‘ano sabático’

A leitora Thais Vaz decidiu dar uma pausa nos estudos antes do vestibular

Por Isabella Otto Atualizado em 1 nov 2024, 13h31 - Publicado em 25 Maio 2016, 15h48
É muito comum que adolescentes cheguem ao fim do ensino médio sem saber exatamente o que prestar na faculdade. Alguns ainda não querem mergulhar mais uma vez de cabeça nos estudos. Eles sentem a necessidade de conhecer melhor o mundo e amadurecer. Nesses dois casos, quando têm a oportunidade, os jovens tiram uma ano sabático, de folga, conhecido como gap year
 
Essa foi, por exemplo, a escolha de Malia Obama, filha mais velha do presidente americano Barack Obama, que vai estudar em Harvard no próximo ano, mas ficou um ano longe dos estudos. Muito comum nos Estados Unidos e em países da Europa, o gap year é um período que a pessoa tira de “folga” quando termina a escola para viver novas experiências. No Brasil, tal prática não é tão comum e muitos jovens sentem-se pressionados para entrar na faculdade logo após se formarem no colegial ou fazer cursinho. Por aqui, o mais comum é que jovens invistam no intercâmbio durante o ensino médio e não depois dele.
 
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Muitos estudos comprovam que o gap year é um ano de muito aprendizado. O jornalista irlandês Joe O’Shea afirma que “investir em uma ano sabático tem um impacto positivo na performance acadêmica de estudantes na universidade”. O New York Times também publicou um estudo recente que diz que “os jovens apresentam melhor desempenho no meio acadêmico e tendem a mostrar maior satisfação profissional do que seus colegas que não vivenciaram algo semelhante”. 
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Durante esse período, as opções do que fazer são diversas: dá para estudar o que tiver vontade, trabalhar e juntar um dinheiro, fazer voluntariado ou até mesmo viajar, como fez a leitora Thais Vaz. Ela tinha acabado de sair do ensino médio e, como tantas outras pessoas, não tinha a menor ideia do que estudar na faculdade. “Sempre fui louca pela Inglaterra e meu sonho era morar lá. Com essa loucura de fim da escola, minha mãe veio com a ideia de passar um tempo em Londres. Eu topei de primeira!“, a Thais conta. Que chato, né?! Na Terra da Rainha, ela estudava inglês todos os dias por 4 horas. “Era como uma escola. As aulas eram divididas em conversação e gramática”, explica. 
 
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O plano inicial era que ela ficasse lá por seis meses, morando com duas meninas escocesas, sobrinhas de uma amiga de família. “Mas enquanto eu estava em Londres, minha mãe sugeriu que eu fosse passar um tempo na França também! Fui para uma cidadezinha pequena no interior e fiquei três meses”. A intenção dela era aperfeiçoar os idiomas locais. No caso, o inglês e o francês. No fim, ela acabou também fazendo muitos amigos nos dois lugares, com quem ainda conversa.
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Hoje, com 23 anos, Thais se lembra do quão importante foi ter um ano de intervalo antes de prestar os vestibulares: “Uma das melhores experiências da minha vida, conheci várias pessoas incríveis e culturas diferentes”. Quando voltou, ela ainda fez seis meses de cursinho antes de começar a cursar publicidade e propaganda. Sem pressa, sem neura. A decisão do que prestar na faculdade acabou surgindo naturalmente. Esse tempo, tanto no Brasil quanto fora, é um ano de autoconhecimento. Você cresce muito como pessoa”, afirma a jovem.
 
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“O mais marcante foram as amizades que eu fiz”, conta Thais (quarta pessoa, da esquerda para a direita).

Além de os brasileiros não terem o costume de tirar esse gap year, muitos não têm um pai presidente dos EUA a sorte da Thais, de ter uma mãe que a ajuda financeiramente e a incentiva a tirar o ano sabático. Há muitas empresas especializadas nesse tipo de intercâmbio, algumas particulares, outras não governamentais, como é o caso da AFS Intercultura Brasil. A organização trabalha com voluntariado, o que faz os custos dos pacotes serem menores. “Para cada intercambista temos pelo menos quatro voluntários envolvidos. Todos os custos são para desenvolver pessoas, sejam eles intercambistas, famílias hospedeiras ou voluntários que dão suporte aos programas”, explica Andreza Martinsdiretora nacional da instituição.

Opções não faltam! E você, já tinha ouvido falar do gap year? Ficou com vontade de investir nesse tipo de intercâmbio?
 
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