“Falar das vulnerabilidades ajuda a construir uma sexualidade mais real”

A sexóloga Beatriz Rangel defende o diálogo aberto sobre sexo e o conhecimento do corpo para combater a ideia de uma sexualidade performática

Por Juliana Morales 2 abr 2025, 17h00
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egundo a psicóloga e influenciadora Beatriz Rangel, especialista em sexualidade humana, a Geração Z é muito mais consciente em relação ao prazer feminino do que as anteriores. “Antes, o foco era só o prazer masculino e algo mais performático, agora a galera se interessa em sentir prazer verdadeiramente, em estar consciente, atento ao próprio prazer, entregando para o outro também”, disse em entrevista à CAPRICHO, no stand da Olla, marca de preservativos, durante o Lollapalooza 2025. 

Bea conquistou mais de 6 milhões de seguidores no Instagram e TikTok com dicas para melhorarem suas vidas sexuais e sentirem mais prazer. Para ela, falar sobre esse tema com naturalidade sempre foi muito fácil, apesar do machismo que ainda existe, porque ela teve como exemplo sua mãe, uma mulher muito forte. “Ter referências de mulheres ajuda muito e eu espero que eu esteja fazendo um bom trabalho para abrir caminhos para outras mulheres se sentirem inspiradas a serem elas mesmas também e a se conhecerem”, diz.

A influenciadora enfatiza a importância desse diálogo aberto, afinal, “tudo que é tabu, que não é falado, acaba não sendo acessado”. “É preciso se conhecer e não ficar preso só no que o outro gosta de fazer. Quanto mais você explorar o seu corpo, dentro dos seus limites, mais  você vai conseguir explorar o potencial de prazer”, afirma.

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Outra dica é conversar com as amigas de confiança sobre o tema. “É legal construir esse espaço para que você e suas amigas falem abertamente sobre tudo, inclusive se vocês estiverem passando por problemas”, diz. Segundo ela, é assim, com diálogo e amizade, que se constrói uma uma geração mais consciente e que não fica o tempo todo tentando ser melhor do que o outro, mas, sim, todos se ajudando.

“Quanto mais falamos sobre nossas vulnerabilidades, mais construímos uma sexualidade real ao invés de uma sexualidade performática”, defende.

Sexo e Geração Z

Apesar do maior acesso à informação e da liberdade que a nossa galera tem em relação ao sexo, já mostramos aqui na CAPRICHO que o orgasmo não é realidade comum para muitos jovens.

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Um levantamento realizado pela pantynova, que contou com a participação de mais de 1800 pessoas de todos os gêneros, orientações sexuais, de todas as regiões do país, mostrou que existem alguns “gaps (ou lacunas) do orgasmo”. O principal deles é entre homens e mulheres (cis, principalmente). Ou seja, a superioridade do número de homens que dizem atingir o orgasmo durante o sexo com relação ao número de mulheres.

Enquanto 66% das mulheres afirmaram alcançar o orgasmo sempre que estão sozinhas, esse número cai para 19% durante o sexo com outra pessoa. Dentre os homens, 86% relataram atingir o orgasmo sempre durante a masturbação, e 54% no sexo a dois.

Entre as explicações para esse cenário, está a falta de informação e conhecimento mesmo. Uma pesquisa, realizada pela Universidade da Flórida, apontou que 4 em cada 10 jovens não sabem onde está o clitóris de uma mulher e o quanto isso afeta o prazer das mulheres – já que, é por meio do estímulo do clitóris, que muitas mulheres conseguem chegar ao orgasmo mais facilmente do que de outras maneiras. Outro fator é o consumo de pornografia que alimenta uma visão muito deturpada do sexo e, em especial, do prazer feminino.

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Isso só reforça a necessidade de consumir mais conteúdos educativos sobre sexo, dialogar e buscar o prazer de um jeito natural e saudável.

 

 

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