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Fã de Hora de Aventura, Eva Holder é uma ilustradora britânica girl power para amar

Ela seguiu o sonho de levar a ilustração para além do lazer.

Por Marcela Bonafé Atualizado em 24 ago 2016, 14h40 - Publicado em 15 mar 2016, 16h50
Por trás dos desenhos fofos e curiosos da ilustradora britânica Eva Holder, existe uma menina de apenas 19 anos, que é cheia de sonhos e preocupações com o mundo. Ela escolheu estudar arte na universidade e conta que “a arte é muito desencorajada porque é difícil fazer dinheiro e carreira na área“.
 
Apesar dos desafios, ela já tem se destacado na área. Em 2014, foi uma das premiadas no Thought Bubble, um evento britânico anual que celebra a arte em todas as formas. Ela também participa de várias convenções sobre animes e ilustrações.
 
 
A ilustradora começou a se envolver com desenhos quando copiava páginas de mangás, logo suas ilustrações têm grande influência desse estilo. No entanto, hoje, a Eva também presta muita atenção a cartoons e à moda street britânica e japonesa. “Assim posso trabalhar em algo que seja novo e uma fusão de diferentes culturas e estilos“, conta.
 
 
O mais legal é que a ela não quer que suas ilustrações sejam apenas fofas, mas que façam o público pensar no mundo ao seu redor. A britânica conta que, por meio dos desenhos, tenta provocar uma conscientização cultural e estética. “Eu me importo muito com coisas como política, racismo e feminismo. Quero encaixar isso na minha arte quando puder”, enfatiza. Tanto é que seus trabalhos mais conhecidos no mundo online são os dois logo abaixo.
 
À esquerda, “Sicke Beats”; à direita, “Malala”.

“Eu definitivamente me considero feminista! É tão essencial que, às vezes, não tenho certeza se consigo transparecer totalmente”, a artista confessa. Os desenhos dela, inclusive, têm alguns traços de rejeição do papel masculino e feminino da maneira que são apresentados na sociedade. Ela comenta: “o fato é que um pouco do meu trabalho foca em coisas como meninos usando moda que não é tipicamente considerada apropriada para eles – como vestidos”. 

Essa questão de gênero está muito presente em um personagem que ela adora desenhar: o Finn, do desenho Hora de Aventura. A Eva reforça que, às vezes, “coloca ele em roupas fofas ou saias, porque as pessoas deveriam ser livres para usar o que elas quiserem“.
 
 
Além disso, a ilustradora costuma desenhar o Finn sem um braço (ele realmente aparece assim em alguns episódios da série animada), porque ela ficou positivamente surpresa ao ver uma animação retratar um deficiente físico. “Eu também achei que esse foi o momento em que mais me relacionei com o Finn – não sou deficiente física, mas a representação da depressão posterior dele foi inesperada e veio em um período onde eu pude ver minha própria luta nisso“, desabafa.
 
 
Outro tópico que Eva procura levar para sua arte é o racismo, que, segundo ela, também se trata de igualdade para todos. Por isso, ela acha que a luta contra o racismo anda de mãos dadas com ser feminista. A britânica reflete: “vivo em Londres, onde as questões raciais são incrivelmente aparentes. Eu, particularmente, gostaria de ver o fim dos crimes de ódio por causa de racismo. Quero ver igualdade de oportunidades e o fim da desigualdade política e social associada às raças“. Para completar, ela acha que a igualdade total está muito distante, mas que bastante coisa ainda pode mudar – e ela quer estar presente para ajudar nisso. Lacradora, né?
 
 
Quanto às técnicas usadas, a Eva gosta muito de canetinhas e aquarela, mas está aprendendo novas funções no Photoshop. “Eu tendo a escanear desenhos de lápis ou caneta e colorir sobre eles, usando muitas camadas e efeitos diferentes”, explica. Ela também conta que anda sempre com um caderninho, para fazer um esboço caso surja alguma ideia. O tempo que a artista leva para finalizar cada ilustração costuma ser de 3 a 5 horas. “Às vezes, uma ideia pode ficar na minha cabeça por meses, porque não sei como colocá-la no papel”; mas, geralmente, ela consegue!
 
E aí, já conhecia o trabalho da Eva Holder? O que achou? Você encontra outros desenhos incríveis dessa artista, que se considera agender (ou seja, sem gênero), no Instagram e no site dela.