Exagerar no uso de IA pode deixar seu cérebro sedentário e menos criativo

Com a tecnologia na palma da mão, será que você não tem deixado seu cérebro preguiçoso demais?

Por Juliana Morales 13 jun 2025, 13h34
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ma onda de bem-estar e saúde tem movido o estilo de vida da nossa galera, mas será que estamos nos cuidando integralmente? Enquanto muitos jovens têm feito cada vez mais modalidades esportivas, de pilates à corrida, para movimentar mais o corpo, boa parte deles tem deixado de exercitar um órgão fundamental: o cérebro.

Hábitos saudáveis, como a leitura e atividades manuais, são substituídos por longos períodos de exposição às telas, em uma busca incansável por dopamina por meio de estímulos rápidos e variados. Com o celular em mãos, é fácil pedir à inteligência artificial, que está adentrando cada vez mais nossas vidas, para executar tarefas que antes nos exigiam esforço mental para executá-las, como escrever, por exemplo. Mas já parou para pensar nas consequências disso?

IA x criatividade

Pesquisadores da Universidade de Toronto realizaram um estudo no ano passado sobre os impactos da IA na criatividade humana. Eles dividiram os participantes da pesquisa em dois grupos para realizarem a mesma tarefa. No entanto, um dos grupos tinha o auxílio de uma assistente de inteligência artificial, enquanto o outro não.

No primeiro momento, aqueles que usaram a tecnologia obtiveram um desempenho melhor, com soluções mais rápidas do que o outro grupo. Só que, em um teste seguinte, quando ambos os grupos completaram tarefas de forma independente, o cenário mudou: os participantes sem IA superaram aqueles com IA.

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Segundo os pesquisadores, trata-se de um efeito homogeneizador, ou seja, a exposição repetida a ideias geradas por IA reduziu a variedade e a originalidade do pensamento dos participantes. Em entrevista ao jornal O Globo, o sociólogo e cientista de dados Pedro Orden destacou que estudos como esse já evidenciam como “a dependência de ferramentas tecnológicas influencia nosso desenvolvimento cognitivo, predispondo-nos a uma certa preguiça na hora de pensar”. 

Segundo ele, isso pode produzir um fenômeno semelhante de sedentarismo cognitivo. “Ao confiar sistematicamente a essas tecnologias a resolução de problemas ou a produção de texto, nosso cérebro poderia perder oportunidades valiosas de desenvolver e manter suas habilidades cognitivas fundamentais”, explicou. 

No ano passado, o Dicionário Oxford escolheu “brain out”, que traduzida do inglês significa “podridão cerebral” ou “cérebro podre”, como a palavra de 2024. A expressão designa “a deterioração da mente de uma pessoa ou do estado de seu intelecto”, explica o anúncio oficial. Ela é causado por processos causados pelo consumo excessivo de material, em especial online, trivial, superficial e que não seja desafiante – ou seja, que não estimule a mente.

Como exercitar o cérebro?

O primeiro passo, jovem, é tentar diminuir o tempo de tela (temos algumas dicas aqui) e dedicar parte do seu dia para tentar hobbies offline e atividades manuais, que, além de divertirem, trabalham o cérebro. Não precisa ser nada complexo, viu?

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Nos últimos anos, acompanhamos, por exemplo, a ascensão dos livros de colorir entre jovens e adultos, que buscam um hobby simples para relaxar. Pode parecer “bobo”, mas é uma ótima forma de desestressar e praticar atenção plena. Aliás, falamos recentemente aqui na CH sobre o ‘Bobbie Goods’, um caderno de colorir que se tornou uma obsessão nas redes.

Neste outro texto aqui, te apresentamos mais trabalhos manuais que trazem uma série de benefícios para o cérebro, além de serem super divertidos e relaxantes.

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