Este é o principal inimigo da sua criatividade e talvez você não saiba
A comparação vem sendo o obstáculo mais difícil a ser vencido por quem tenta ser livre para criar arte

ocê já deixou de usar uma roupa que gostava, pintar o cabelo de uma cor específica ou decorar o caderno da escola/faculdade de um jeito pelo medo do que as pessoas pensariam? Ou, ainda, fez tudo do jeito que gostaria e ficou se comparando com as outras pessoas, encontrando erro no que você tinha gostado antes?
Deixar a criatividade correr solta em liberdade é uma escolha difícil e percebemos, cada vez mais, que a comparação vem sendo a principal vilã contra qualquer tipo de escolha criativa. É difícil, por exemplo, pensar em uma situação ou momento em que não nos comparamos com o outro na última semana, quem dirá na vida.
Até porque, as redes sociais se tornaram um espaço que instiga esse movimento de comparar você e o outro – viagens, roupas, vida saudável, família feliz, festas, amigos e todas as áreas da nossa vida parecem, de alguma forma, pior que a de, no mínimo, outra pessoa.
Nos últimos meses, a CAPRICHO conversou com duas artistas criativas para pautas diferentes e, no meio da entrevista, a comparação se apresentou como a maior dificuldade de seguir em frente, em ambos os casos. No caso da Fernanda Domingos, a Femingos, criadora de conteúdo sobre arte, a comparação começou a se apresentar no formato da patologia, como um perfeccionismo.
“Eu comecei com um perfeccionismo patológico muito sério, aquela coisa de desenhava e rasgava, eu desenhava e daí eu via o do outro no Instagram e falava ‘o meu nunca vai ficar igual ou melhor“. Em um momento onde a comparação chegou ao extremo, ela revela que deixou de desenhar durante uma época pela consciência de que, segundo os parâmetros das outras pessoas, ela nunca desenharia de forma perfeita.
Hoje, ela confessa que há os dias em que a comparação não a ataca mais, outros em que é refém, mas que a relação já melhorou muito. Um mecanismo encontrado por ela que a ajuda nesse processo é o afastamento de quem dá o gatilho da comparação.
“Hoje em dia, tento me afastar o máximo das comparações. Se eu sigo alguém no Instagram, acho incrível o trabalho da pessoa e fico me comparando, não me sentindo bem olhando, é culpa minha, eu sei que eu não tenho maturidade de acompanhar essa pessoa e prefiro deixar de conferir o que ela faz“. Dessa forma, Femingos consegue se proteger da comparação e também a outra pessoa, que, sem querer ou saber, não está sendo o alvo de pensamentos positivos.
Luana Barros Coelho, designer, criadora de conteúdo e uma das administradoras do coletivos Criativos do Norte também nomeou a comparação como sendo o principal desafio. Para ela, encarar a comparação é um desafio diário, que tenta fazê-la “aceitar que a gente não vai ser o melhor ou não vai ser sempre perfeito, que às vezes o básico e o feito é melhor que o perfeito”.
“Eu não me sinto boa suficiente, mesmo tendo muito tempo que eu mexo com design, mas mesmo assim eu penso que eu não sei de nada. E é muito difícil, algumas pessoas ficam puxando minha orelha falando ‘tu sabe sim’, mas realmente é um desafio não saber se tá bom o suficiente”, explica.
O método que Femingos utiliza não soluciona o problema, mas ajuda a evitar a comparação. Uma outra tática pode ser entender que o que você e a outra pessoa fazem são diferentes, mesmo se tentassem copiar o trabalho uma da outra. Além do mais, o seu jeito é o que você consegue entregar no momento, e isso já é perfeito. Amanhã, sem dúvida, será melhor.
E você, já tinha parado para pensar nisso?