Estas perguntas vão te ajudar a pensar sobre sua sexualidade
Não tem resposta certa, tá? É um processo que envolve autoconhecimento, tempo, paciência e desconstrução

ou gay? Gosto de meninas? De meninos? Ou dos dois? Se você tem sentido que tem algo diferente rolando aí dentro de você, e parece que entender quem você é, do que gosta ou com quem quer se conectar parece um grande desafio, não se preocupe: todas essas dúvidas sobre sexualidade são mais comuns do que você imagina. Viemos te lembrar que a adolescência é justamente essa fase de descobertas — e tá tudo bem não ter todas as respostas de uma vez.
Talvez, inclusive, o segredo não esteja nessas respostas, mas sim em se fazer mais perguntas para pensar melhor como se sente. A pedidos da CAPRICHO, a psicóloga, Sexóloga e Terapeuta Afirmativa de Gênero Larissa Victoria Silva elencou seis questionamentos que podem te fazer refletir melhor sobre sua orientação sexual.
Lembre-se que não tem resposta certa ou errada, seja sincero com você mesmo e com o que você sente, sem pressão e julgamento, tá?
1. O que eu sinto quando penso em me relacionar com alguém?
Essa pergunta te ajuda a perceber se você sente interesse afetivo, sexual, os dois — ou nenhum — por outra(s) pessoa(s). Não existe um jeito “certo” de sentir, o importante é se escutar sem julgamentos.
2. Quais pessoas me fazem sentir “borboletas no estômago”?
Pensar em quem você já se sentiu atraída pode dar pistas sobre sua orientação afetivo-sexual. Vale lembrar: se essas pessoas são de diferentes gêneros ou do mesmo gênero, isso não te define por completo — mas já é um caminho de autoconhecimento.
3. Eu me sinto livre para ser quem sou, ou sinto medo de julgamentos?
Refletir sobre como o mundo te recebe (família, amigos, escola) pode ajudar a entender por que às vezes é difícil se aceitar ou se abrir. Muitas pessoas escondem partes de si por medo de rejeição — e isso não significa que elas estão erradas ou “confusas”. Significa que o ambiente pode não estar acolhedor ainda.
4. Quando me olho no espelho, me reconheço?
Essa pergunta ajuda a pensar em identidade de gênero. Você se sente confortável com o jeito que te veem? Ou sente que existe algo dentro de você que não está sendo visto de verdade? Pode ser o começo de uma reflexão sobre ser cisgênero, trans, não binárie…
5. Eu me comparo com os outros ou escuto meus próprios sentimentos?
Às vezes, a gente tenta se encaixar no que os outros acham “normal” ou “esperado”, mas ignorar o que sentimos de verdade só aumenta a confusão. Escutar-se é um ato de coragem.
6. Tenho curiosidade ou vontade de experimentar algumas coisas, mas sinto culpa?
É comum crescer ouvindo que sentir desejo ou curiosidade é “errado” — especialmente para meninas. Mas desejo não é pecado. Ter curiosidade ou vontade de explorar seu corpo, ou imaginar situações, não faz de você uma pessoa “errada”. Faz de você humana.
Mas vai no seu tempo, tá?
Questionar a própria sexualidade é algo extremamente natural não só na adolescência, mas ao longo da vida. Isabela Félix Domingos, psicóloga especializada no atendimento à população LGBTQIA+ e sapatão, enfatiza o fato que nossa sociedade é moldada por padrões cisheteronormativos. Ou seja, somos educados a acreditar que casar e construir uma família é o principal objetivo da vida, considerando como natural os moldes da heterossexualidade: papai, mamãe e filhos.
Portanto, ser lésbica, gay, bissexual, entre outras identidades, parece ser errado, inadequado ou até pecado. “A maioria de nós cresce moldada pelo medo de pensar diferente do que nos é imposto, ignorando qualquer chance de ser diferente”, diz a psicóloga. “E, quando finalmente nos permitimos pensar sobre nossas diferenças, o mundo se expande. Conseguimos tirar um peso das costas, nomear quem somos, romper barreiras e nos permitir encontrar a nossa maneira única de existir”, completa.
Ela reforça que “a jornada de se identificar como uma pessoa LGBTQIA+ é muito pessoal, não linear e, muito menos, rápida”. “Não existe fórmula mágica ou teste capaz de mensurar a atração física, sexual e afetiva. Esse processo envolve autoconhecimento, tempo, paciência e desconstrução”, explica. Então, dê tempo ao tempo: não há pressa para se entender LGBTQIA+.
Outro conselho de Isabela é se conectar com pessoas LGBTQIA+, pois nossa experiência, embora individual, não é única. “Escutar a vivência e os processos de outras pessoas pode auxiliar na sua própria jornada”, explica. Além disso, contar com a ajuda profissional de psicólogos também é muito importante, uma vez que eles são capazes de auxiliar nesse percurso, oferecendo um espaço seguro, no qual é possível se olhar e se acolher.
“Se você se identifica com esse processo, saiba que não está sozinho — e não há nada de errado em ser diferente. É valioso e único assumir quem somos”, finaliza.
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