Estão preocupados com a Ariana Grande mesmo ou é só hate disfarçado?
Muitas vezes, comentários maldosos sobre o corpo de uma mulher são mascarados de preocupação com a saúde – e na verdade, isso pode ser uma violência
nome de Ariana Grande vem viralizando nas redes sociais nas últimas semanas e o motivo não tem relação com o recém lançamento de Wicked: Parte 2, com os futuros projetos no cinema ou com a turnê eternal sunshine, marcada para 2026. Os comentários, threads e vídeos, na verdade, giram em torno do peso e do corpo dela.
Embora o tema não seja uma novidade na carreira de Grande, ele foi mais engajado na internet especialmente após a circulação de imagens e vídeos das premières mundiais de Wicked nas redes. O que começou com comentários aparentemente assustados, que se diziam preocupados com a aparência e a magreza dela, passou a se tornar um assunto viral convertido rapidamente em engajamento para quem comenta — em especial se o tom for de crítica ou se a postagem envolver memes e montagens indicando como ela está “cadavérica”, “feia” e “frágil”.
A justificativa de quem participa do viral costuma ser a mesma: a preocupação com a saúde física e mental de Grande, utilizando imagens da cantora no passado para ‘comprovar’ como ela não parece bem. Entretanto, será que os comentários e as postagens sobre o corpo da cantora realmente são movidos pelo cuidado com o bem-estar dela ou são um hate disfarçado? Ou ainda, quão bem você está fazendo para uma pessoa ao comentar sobre o corpo dela, havendo um quadro de saúde por trás justificando o emagrecimento ou não?
Magreza extrema envelhece horrores e na minha opinião só não envelhece quando a magreza é genética. Ariana Grande ostenta uma aparência caquética, frágil e zero saudável. https://t.co/hWBHkZnCkg pic.twitter.com/1CMh59usNT
— Ane F. (@vogueandxcoffee) November 19, 2025
anorexiana pic.twitter.com/uVLqW6yYps
— chrolo (@swiftiecaos) November 19, 2025
Sua preocupação pode não ajudar, e sim piorar a situação
A neuropsicóloga e especialista em adolescentes Luciana Garcia explica que esse fenômeno é chamado na psicologia de “preocupação performática”, termo que define comentários “vestidos de cuidado, mas que na verdade são uma autorização social para criticar, vigiar e controlar o corpo do outro, como já aconteceu com outras celebridades”.
A crítica aos corpos femininos é um hábito antigo de uma sociedade patriarcal que usa a aparência das mulheres como mecanismo potente para controlá-las — da autoestima ao comportamento, até à liberdade. No caso de Grande, essa não é a primeira vez que seu peso e corpo viralizam, com comentários que variam entre chamá-la de magra demais ou gorda demais. Entre 2018 e 2019, por exemplo, a onda de ódio motivou falas a chamando de gorda.
As fotos dessa mesma época, contudo, passaram a ser utilizadas em 2023 — e em 2025, novamente —, como uma prova de que ela, agora, está “muito magra” e “doente”. Na época, ainda durante as gravações de Wicked, ela chegou a se pronunciar no TikTok pedindo para que os comentários sobre seu corpo parassem, afirmando que seu físico anterior, dito como saudável, representava uma pessoa que abusava diariamente de bebidas alcoólicas e dependia de anti-depressivos, cultivando uma dieta e rotina nada boa.
Peso e aparência, portanto, não definem ou provam se uma pessoa está saudável, e sim “exames médicos, hábitos diários, o ambiente em que se vive, as emoções e o contexto de vida”, lembra Garcia. O emagrecimento, mesmo que rápido, aliás, também não é suficiente para indicar que uma pessoa está doente ou sofrendo com algum Transtorno Alimentar, como explica a nutricionista Maria Clara Eloy.
“Magreza pode ter muitas causas diferentes: pode ser emocional, clínica, alimentar, hormonal ou medicamentosa”, conta. Mesmo entre quem convive com um Transtornos como Anorexia e Bulimia, e o emagrecimento intenso seja resultado da doença, a nutricionista garante que “comentários sobre o corpo de uma pessoa, quem quer que ela seja, não possuem serventinha nenhuma. São desrespeitosos, uma violência disfarçada de preocupação que expõem o indivíduo”.
Receber comentários sobre o próprio corpo, segundo Eloy, pode ser um gatilho ou um incentivo para a doença, mesmo entre quem já lidou com um Transtorno Alimentar ou ainda sofre com ele. Além de poder ser o “primeiro passo para o desenvolvimento de inseguranças, baixa autoestima e da sensação de que há algo ‘errado’ com o corpo”.
Inocêncio explica que, psicologicamente, quando alguém já está vulnerável física ou emocionalmente, as “críticas sobre o corpo funcionam como um estressor adicional, que pode agravar ansiedade, baixa estima, distorções da imagem corporal e até desencadear ou piorar transtornos alimentares”. Em outras palavras: preocupado ou não, como crítica ou como o elogio, o ideal é nunca falar sobre a aparência física de outra pessoa.
a ariana grande sempre foi magra e ela já falou que a época que vocês consideram um corpo “saudável” era simplesmente o oposto, ela estava tomando remédios antidepressivos, se alimentava muito mal e sempre estava alcoolizada, então parem!! https://t.co/F4fzig6Jfi pic.twitter.com/0lwVTICmcA
— pedro!! (@newpeedr) November 12, 2025
Então como ajudar quem parece estar emagrecendo muito?
O primeiro passo é entender que, se você deseja ajudar, o comentário precisa ser acolhedor, privado e respeitoso, e não público e invasivo. A neuropsicóloga garante que “comentários sobre o corpo nunca ajudam e a exposição nas redes sociais promove sofrimento para o alvo e para quem se identifica com ele, principalmente adolescentes que estão formando sua identidade”.
Ou seja, se você está preocupado com Ariana Grande, tenha ciência de que seu comentários nas redes pode estar surtindo o efeito oposto nela e em várias outras pessoas — ainda mais pensando no grande engajamento que os comentários sobre o tema estão tendo.
Por outro lado, se é uma amiga a fonte da sua preocupação, a nutricionista indica não comentar necessariamente sobre o corpo, e sim sobre a saúde no geral, demonstrar cuidado com a pessoa e seu bem-estar. “Se a sua angústia é genuína, você pode ficar em alerta quanto o comportamento alimentar, a energia e o humor da amiga, se ela aparenta estar mais cansada, e perguntar como ela está se sentindo, se está dormindo bem, se precisa de ajuda para procurar um médio, se quer desabafar — coisas impossíveis de entender por meio de uma foto ou de um vídeo”, explica.
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