
Escolher contraceptivo com base nas redes sociais pode ser um problema
Estudo revela que 62% das mulheres entre 18 e 29 anos recorrem à internet como principal fonte de informação sobre saúde, mas fake news podem gerar riscos.
esquisa inédita do Instituto Ipsos, encomendada pela Bayer — uma farmacêutica super importante quando o assunto é desenvolvimento de métodos contracepctivos — acendeu um alerta importante para os leitores e leitoras da CAPRICHO: a internet, especialmente as redes sociais, tem sido o principal canal de busca por informações sobre saúde para mulheres brasileiras, especialmente entre as mais jovens. Mas isso não é tão bom quanto parece.
Entre as entrevistadas de 18 a 29 anos, 62% afirmaram usar a internet como primeira fonte de informação sobre saúde. Esse número reforça a força das plataformas digitais na formação de opinião, mas também aponta para um problema crescente: a desinformação. O estudo ouviu 800 mulheres de diferentes idades, regiões e classes sociais em todo o país.
Redes sociais: aliadas ou vilãs?
O TikTok, por exemplo, concentra milhares de vídeos com relatos pessoais sobre o uso de contraceptivos. Uma análise publicada pela revista Obstetrics & Gynecology mostrou que 27% desses conteúdos questionam a credibilidade dos médicos, o que pode afastar jovens da orientação profissional segura.
“É preciso fortalecer a ponte entre médicos, comunicadores e pacientes nas redes. A troca de experiências é legal, mas cada corpo é único — e só um profissional pode indicar o melhor método para cada caso”, explica o Dr. Ferreira.
Desinformação é o novo desafio
Muitas dessas buscas são feitas em sites, fóruns, grupos de WhatsApp e até perfis de influenciadores no TikTok e Instagram. O ginecologista Edson Ferreira, do Hospital das Clínicas da USP, chama atenção para os riscos de se basear em experiências pessoais ou conteúdos sem embasamento científico: “Isso pode levar a escolhas inadequadas de métodos contraceptivos e perpetuar casos de gravidez não planejada”.
E o impacto é real: 25% das entrevistadas não usam nenhum método contraceptivo atualmente, e mais de 62% das brasileiras já passaram por uma gravidez não planejada. Muitas disseram que, se tivessem tido acesso a mais informação, esse cenário poderia ter sido diferente.
Falta de conhecimento sobre métodos modernos
A pesquisa também revelou que, apesar de 91% das mulheres já terem usado algum método contraceptivo, a maioria desconhece opções modernas e de longa duração, como DIUs e implantes — que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), são seguros, eficazes e podem, inclusive, ser usados por adolescentes.
Quase 9 em cada 10 mulheres não sabem a diferença entre o DIU de cobre e o hormonal, e 67% não sabem que o DIU hormonal é coberto por planos de saúde, um direito garantido por lei. Esse desconhecimento é ainda maior entre mulheres das classes D e E (76%).
Mais informação, mais autonomia
A boa notícia? A maioria das entrevistadas reconhece o poder da informação. Quase todas (93%) defendem que o acesso a conteúdos sobre métodos como o DIU e o implante subdérmico deve ser ampliado. E sim, hoje existem alternativas mais leves, com baixa dosagem hormonal e pouca absorção pelo sangue — o que pode ser uma boa pedida para quem busca mais conforto e menos efeitos colaterais.
A mensagem que fica é clara: falar sobre contracepção é falar sobre liberdade, autonomia e autocuidado. E informação confiável salva vidas.
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