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Enem “com a cara do Governo Bolsonaro” tem questão sobre “vida de gado”

Também foram abordados temas como racismo e luta de classes, com referência a Friedrich Engels, coleguinha de Karl Marx; presidente não curtiu

Por Isabella Otto Atualizado em 30 out 2024, 16h58 - Publicado em 22 nov 2021, 14h26

No domingo, 21, aconteceu o primeiro dia de prova do Enem 2021, com os cadernos de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, Ciências Humanas e suas Tecnologias, e redação, cujo tema foi: “Invisibilidade e registro civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil”. Para especialistas, o problema apresentado pela banca foi pertinente e o candidato poderia falar sobre marginalização de povos e problemas envolvendo políticas públicas.

Pergunta do Enem 2021 que cita a música Admirável Gado Novo, de Zé Ramalho
Pergunta do Enem sobre a canção de protesto de Zé Ramalho Enem 2021/Reprodução

Na parte de múltipla escolha, uma questão em especial chamou a atenção por envolver a análise da música Admirável Gado Novo, de Zé Ramalho, escrita durante a Ditadura Militar, que faz uma crítica à passividade social. Chico Buarque também foi citado na prova, assim como Friedrich Engels, colega de Karl Marx, em uma pergunta sobre luta de classes. O Estadão revelou que a pergunta havia sido vetada pelo governo de Jair Bolsonaro, mas que o veto não foi aprovado pelo Inep.

As abordagens acima viraram uma piada pronta, uma vez que o presidente da República disse recentemente, em meio a todas as denúncias de ex-servidores do instituto sobre censura e interferência governamental no exame, que as questões do Enem teriam finalmente “a cara do governo”. Daí cai uma pergunta sobre “vida de gado”?! Pois é… (risos)

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Foto de Jair Bolsonaro com cara de preocupado
Miguel Schincariol/AFP/Getty Images

Nesta segunda-feira, 22, o presidente falou que o Enem “ainda teve questões de ideologia” e que isso não teria acontecido se ele e Milton Ribeiro, ministro da Educação, pudessem ter interferido diretamente no exame. “Você é obrigado a aproveitar banco de dados de anos anteriores, você é obrigado a aproveitar isso aí. Agora, dá para mudar? Já está mudando. Vocês não viram mais a linguagem de tal tipo de gente, com tal perfil. Não existe isso aí”, falou em coletiva.

Bolsonaro se referiu a uma questão abordada em 2018 sobre o pajubá, dialeto de travestis. Não é novidade para ninguém que o Enem é sobre interpretação de texto (e extremamente cansativo). Logo, não era necessário saber o dialeto, apenas interpretar a questão em que o assunto foi abordado.

Veja como o primeiro dia de exame repercutiu nas redes:

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