Droga que edita e até apaga memórias ruins é descoberta por cientista
À la Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças, descoberta está sendo testada na chamada "terapia de reconsolidação".
O filme Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças, lançado em 2004 e estrelado por Jim Carrey e Kate Winslet, é um clássico. Na trama, ambos os personagens se submetem a um procedimento que apaga memórias ruins, em sua maioria, ligadas a relacionamentos “””fracassados””” (entre muitas aspas, porque um término não significa que uma relação fracassou). Na vida real, algo bastante parecido está sendo testado em em Montreal, no Canadá.
Depois de 15 anos estudando os vários tipos de estresse pós-traumático que existem, o cientista Alain Brunet desenvolveu uma “terapia de reconsolidação” usando como base o propranolol, uma betabloqueador já usado para tratar muitas doenças, como a enxaqueca.
Antes de cada sessão, o paciente toma um comprimido de propranolol, que age no cérebro abrindo umas espécies de lacunas que serão usadas para a edição da memória a ser tratada. Depois de ingerir a droga, a pessoa escreve sobre seu problema e depois o lê para o estudioso. Com o tempo e a repetição do texto, a substância vai agindo na mente, ressignificando a memória, ou seja, tornando-a menos traumática.
Isso acontece porque o propranolol tende a inibir o pensamento em questão, algo que, geralmente, ficamos matutando em nossa cabeça constantemente, fazendo com que revivamos a memória ruim. É claro que a tendência é que naturalmente as coisas se tornem menos doloridas. Contudo, com a “terapia de reconsolidação”, cinco sessões estão se provando necessárias para o trauma se tornar menos doloroso. De acordo com Brunet, seus pacientes dizem que têm a “impressão de que [o texto sobre a memória a ser editada] poderia ter sido escrito por outra pessoa, como a leitura de um romance”.
Apesar de a maioria das pessoas cogitar a terapia e recorrer ao propranolol para se livrar de memórias relacionadas a relacionamentos amorosos, o pesquisador canadense garante que o método deverá ser efetivo para tratar fobias, dependência e luto. “Estamos usando esse entendimento aprimorado sobre como as memórias são formadas e como são desbloqueadas, atualizadas e salvas novamente. Estamos usando essencialmente esse conhecimento recente da neurociência para tratar pacientes”, explicou em entrevista à BBC.
Vários pacientes dizem que se sentem como se tivessem tido a memória apagada, contudo o cientista afirma que ela não desaparece por completo, apenas para de doer e passa a ter menos importância para o cérebro. Mas, no fundinho, ela continua lá, mesmo que nem nos toquemos disso.
Ah, o Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças…