‘Dona de Mim’ mostra como funciona o stalking e a importância de denunciar

Trama de Kami expõe a realidade de quem é vítima de um stalker e levanta o debate sobre a proteção à vítima e o que fazer em caso de perseguição

Por Mavi Faria 17 set 2025, 17h04
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prática do stalking é crime no Brasil desde 2021, mas isso não significa que stalkers deixaram de existir — e a novela Dona de Mim representa muito bem isso. Na trama, a personagem de Giovanna Lancelotti, Kami, passa a ser perseguida por um stalker e mostra não só como a perseguição e o assédio podem migrar do universo virtual para o real em segundos, mas também como agir e se proteger nesses casos.

Na trama, o assédio começou à medida que Kami passa a compartilhar mais do seu cotidiano nas redes sociais com o objetivo de se tornar influenciadora digital. O homem, um seguidor novo, começa a assedia-la por meio de comentários de cunho sexual, que não são interrompidos quando ela bloqueia seu perfil, já que ele cria novas páginas fakes nas redes.

Com medo dos assédios diários do stalker, Kami, acompanhada do namorado Marlon (Humberto Morais), procura a polícia. Na delegacia, contudo, enquanto uma das policiais acolhe a jovem, seu parceiro de trabalho tenta culpar Kami pelo stalker, instigando que ela não deveria compartilhar sua vida pessoal e se expor nas redes — enquanto, na realidade, mulheres são vítimas de stalking independente do quanto expõe suas vidas nas redes sociais.

A procura por ajuda também não surte efeito na perseguição, já que ela não recebe uma medida protetiva nem outro tipo de suporte — nem a identidade do stalker é descoberta. O assédio do homem, que era restrito às redes, passa para a vida real à medida que ele descobre onde ela mora e trabalha. O portal Notícias da TV, especialista em divulgar os próximos acontecimentos das novelas, já divulgou que a perseguição não só continuará, como Kami será abusada sexualmente pelo stalker, que a perseguia na saída do trabalho para casa.

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Embora Dona de Mim seja uma história fictícia, o crime sofrido por Kami, na verdade, é bem comum e raro. Segundo o levantamento feito pelo Anuário Brasileiro de Segurança Pública, em 2024, 10 mulheres foram vítimas de stalking a cada hora — ou seja, 240 mulheres por dia. No total, de 2023 para 2024, as ocorrências de perseguição passaram de 80.017 para 95.026, ou seja, um aumento de 18,2% nos casos.

Mas CH, o que é stalking

O crime de stalkear uma pessoa, segundo o artigo 147-A da Lei nº 14.132/2021 do Código Penal, é definido pelo ato de “perseguir alguém reiteradamente, por qualquer meio, ameaçando sua integridade física ou psicológica, restringindo sua locomoção ou invadindo ou perturbando sua liberdade ou privacidade”.

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Ou seja, mandar mensagens repetida e insistentemente, mesmo com a demonstração de desagrado da outra pessoa, aparecer em lugares que ela está sem ser convidado, segui-la na rua, na saída do trabalho ou da escola, tudo isso configura-se como stalking. A prática foi muito bem representada na série Bebê Rena, em que o protagonista chegou a receber 80 e-mails por dia e ser perseguido em sua casa e em seu trabalho por sua stalker.

Pela lei brasileira, quem comete stalking pode ser condenado de seis meses à dois anos de prisão, e a pena pode ser aumentada se a vítima for uma criança, um adolescente, um idoso ou uma mulher e a motivação do criminoso for o gênero — fora o acréscimos de multas, caso seja ordenado.

O que fazer se você for vítima de stalking?

Antes de procurar ajuda oficial, não deixe de reunir todas as provas que puder, incluindo prints de mensagens, de áudios, de perfis fakes criados para te perseguir, se for o caso, e de fotos da pessoa te perseguindo, se isso acontecer. Em seguida, não deixe de procurar a polícia, seja em uma delegacia, seja em uma Delegacia da Mulher se for o caso.

Lá, você pode fazer um Boletim de Ocorrência, ou caso a sua cidade tenha o recurso disponível, também é possível fazer um B.O. online, como acontece para quem mora em São Paulo e pode acessar o site da Polícia Civil do Estado de São Paulo.

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Na delegacia, você também consegue iniciar o processo para pedir uma medida protetiva contra o perseguidor para que ele não possa mais entrar em contato por qualquer meio ou se aproximar de você pessoalmente. Em casos de urgência ou de ameaça imediata e direta, você também pode ligar para o 190, ou pode procurar ajuda na Central de Atendimento à Mulher pelo número 180.

Não esconda o que está acontecendo da sua rede de apoio

Dona de Mim acerta não só em trazer temas relevantes e reais como o do stalking, mas em deixar explícito como a rede de apoio é fundamental para a vítima nesses momentos. Kami pode contar com o namorado Marlon, com o ex Ryan (L7nnon), e com as amigas Leo (Clara Moneke) e Pam (Haonê Thinar), que se intercalam para ouvir desabafos e protegê-la nas ruas.

Marlon e Ryan, inclusive, estão se revezando para que ela não ande nas ruas sozinhas e, a cada desenvolvimento do caso, Kami procura as amigas para ter apoio. Na vida real, ter uma rede de confiança te garante mais segurança, proteção e força para seguir em frente e procurar por ajuda especializada para lutar contra o assediador.

Seja para ter companhia para andar na rua, para ir até a delegacia, seja para compartilhar seus sentimentos e receber acolhimento, a presença dos amigos é essencial. Por isso, caso você perceba comportamentos estranho de um seguidor, de uma pessoa na escola ou no trabalho, não deixe de compartilhar seus amigos, tá? É muito importante que eles também saibam o que está acontecendo com você para poderem te ajudar.

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E você, está acompanhando a trama de Kami em Dona de Mim?

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