Daniela Vega: a primeira mulher transexual a apresentar um Oscar
Aos desinformados e a quem possa interessar: linda, talentosa e, sim, mulher.
Foi na 90ª edição do Oscar, que aconteceu na noite do último domingo, 4, em Los Angeles, na Califórnia, que uma mulher transexual subiu aos palcos para apresentar um prêmio. Daniela Vega, de 28 anos, foi a atriz convidada para entrar para a história.
Por sua interpretação no filme Uma Mulher Fantástica, a chilena ganhou destaque no meio cinematográfico. “Eu quero convidá-los a abrir seus corações e sentidos para sentir a realidade, o amor“, disse no início do discurso.
Ela entregou a estatueta de Melhor Canção Original para o filme Call Me By Your Name e também ganhou um Oscar pelo longa em que é protagonista, que venceu na categoria Melhor Filme Estrangeiro. “O amor é uma coisa misteriosa e o primeira amor, ainda mais”, disse.
Foi bonito, simples e representativo. Contudo, no Brasil, o jornalista Rubens Ewald Filho se envolveu em uma polêmica ao fazer um comentário transfóbico durante a narração do prêmio. “Essa moça, na verdade, é um rapaz, um transexual. Mas ela tem um dom artístico muito legal”, disse durante transmissão do canal TNT. Nas redes sociais, várias pessoas se manifestaram contra o homem.
O posicionamento de Rubens Ewald Filho foi errado porque a identidade de gênero não pode ser tratada como algo que “você escolhe ser”. Transexuais e transgêneros são homens, são mulheres. Eles, ~na verdade~, não são e nunca foram qualquer outra coisa. Eles são quem são. Além disso, ao usar de forma infeliz a expressão “mas”, ele abriu espaço para que pessoas interpretassem sua conclusão de forma pejorativa. Por exemplo: Daniela é uma atriz trans, mas faz bem o seu trabalho apesar de tudo. Tsc, tsc.
Escolhemos pensar que comentários transfóbicos do tipo ainda são feitos por falta de conhecimento. Contudo, nós sabemos que nem sempre é por isso que tais posicionamentos preconceituosos, disfarçados de “minha opinião”, são feitos.
A chilena Daniela Vega, inclusive, já disse que sofreu agressões verbais e físicas na época do colégio, e que ainda hoje sente na pele as dificuldades de ser uma pessoa trans – no dia a dia e na indústria cinematográfica.
Dani, ~na verdade~, é uma atriz. E que atriz! Repassem, por favor.