Criança que nasceu com dois sexos ganha direito de alterar nome e gênero
Somente depois de dois anos que a mãe conseguiu comprovar que a filha era, na verdade, um menino.
No Acre, uma dona de casa de 45 anos tem lutado por mais de um ano para que o filho, registrado e reconhecido como uma menina desde o nascimento, tivesse a certidão de nascimento alterada. Durante toda a gravidez, os exames apontavam que o bebê era uma menina, mas a criança acabou nascendo com os dois sexos. A ambiguidade genital só foi comprovada quando o menino já tinha 3 anos.
Após a Ordem dos Advogados do Brasil no Acre (OAB-AC) entrar com um pedido de liminar, a Justiça finalmente permitiu que o nome e o gênero da criança fossem alterados na certidão de nascimento.
Como a criança nasceu e já foi diretamente internada na UTI, a mãe não chegou a ver o filho sem a fralda, embora os médicos confirmassem que se tratava de uma menina. Somente após alguns dias que ela percebeu que não era uma menina e resolveu questionar a equipe médica do hospital. Só então, uma geneticista explicou que tratava-se de um intersexo. Ou seja, quando há dois órgãos sexuais.
A mãe foi orientada a fazer um exame cariótipo, que faz uma análise da quantidade e estrutura dos cromossomos em uma célula. O resultado saiu em agosto do ano passado, comprovando que a criança é, geneticamente, um menino.
Em entrevista ao G1, a mãe do menino contou que as roupas femininas chamavam atenção dos vizinhos, porque a criança tinha comportamento masculino. “Na semana passada, duas mulheres pediram para ver meu filho sem roupa. Isso me machuca muito, me constrange“, diz. Segundo ela, a criança chegou a pular de alegria quando os resultados do exame chegaram. “Eu disse que ele era homem, e ele respondeu: ‘graças a Deus, mamãe. Agora sou um rapazinho’“, conta.
De acordo com a mãe, a confirmação trouxe alívio para os dois e acabará com uma situação desagradável. O próximo passo é a realização da cirurgia.