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Conheça a arqueóloga que tem de tudo para encontrar a tumba de Cleópatra

Na contramão da maioria dos arqueólogos, a dominicana Kathleen Martínez tem construído uma teoria consistente de onde está a tumba da última rainha do Egito

Por Juliana Morales 1 set 2024, 17h00
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leópatra, a última rainha do Egito, morreu em 30 a.C., aos 39 anos. No entanto, onde ela foi sepultada continua sendo um dos maiores enigmas da Antiguidade, já que ninguém conseguiu localizar a tumba até hoje. É esse mistério que a arqueóloga dominicana Kathleen Martínez tenta resolver há 20 anos e tem tido avanços significativos. Hoje, ela é uma das maiores apostas para realizar esse feito. Vale muito a pena conhecer seu trabalho e, de quebra, estudar um pouco de História. 

Aos 18 anos, Cleópatra tornou-se faraó, após a morte de seu pai, Ptolomeu XII. Ela governou o Egito durante 21 anos. Diante da ameaça de uma invasão romana, ela formou alianças com o inimigo: primeiro, ela se relacionou com o ditador Júlio César e teve um filho dele, o . Depois, teve um relacionamento com o general romano Marco Antônio. Em 31 a.C, a marinha romana, liderada por Augusto, atacou o Egito. Para evitar a captura após ser derrotada, reza a lenda – não há provas concretas – que Cleópatra se suicidou com a mordida de uma cobra venenosa, após Marco Antônio tirar a vida em seus braços.

Muitos arqueólogos pensam que Cleópatra será encontrada em um cemitério real em algum lugar de Alexandria, a capital construída por sua própria família, e que hoje está embaixo do mar. Kathleen Martínez, no entanto, acredita que a tumba da última rainha do Egito está em uma cidade vizinha chamada Taposiris Magna, no norte do Egito. 

Neste local, ela encontrou várias estruturas importantes, cerca de 200 moedas, algumas com a imagem de Cleópatra estampada, e uma placa de fundação que provam que existia um templo em homenagem à Ísis, deusa que Cleópatra admirava muito e acreditava ser a reencarnação. E essa é uma das grandes razões que Kathleen acredita que seria o lugar perfeito para a deusa ser enterrada, já que se encaixa perfeitamente em sua história. 

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Na série documental ‘Lost Treasures of Egypt’, ou em português ‘Vale dos Reis: Tesouros do Egito’, disponível na Disney+, Kathleen diz que Cleópatra tinha uma razão muito forte para esconder seu túmulo. “Ela sabia que era o fim do Egito e que era o último capítulo do Egito e sabia que estaria à mercê dos conquistadores”, explica. Assim, esconder bem seu túmulo foi a última estratégia para proteger seu legado.

“Cleópatra tinha mais medo do anonimato do que da morte. Por isso, tentou faer algo para se tornar um mito. Ela morreu e desapareceu”, completou a arqueóloga.

Nascida na República Dominicana, desde criança, Kathleen sonhava em ser arqueóloga, mas seus pais a convenceram a estudar Direito. No fim, ela abdicou da carreira de advogada depois de 20 anos e usou seus conhecimentos da graduação para ajudar a realizar seu sonho e achar a tumba de Cleópatra, quem ela diz ser genial e sua heroína.

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Ao longo da pesquisa, a arqueóloga e sua equipe acharam túneis subterrâneos, que parecem levar a outro templo e que pode abrigar o túmulo da rainha. Ela chegou a conclusão que parte desse centro religioso estava no fundo do mar, devido a catástrofes e tsunamis que inundaram muitas regiões, como Alexandria. Martínez, então, junto com a sua equipe realizou o primeiro mergulho em busca de mais evidências e conseguiu. Eles achatam estruturas feitas do mesmo material encontrado no templo de Taposiris Magna. 

Para o próximo mergulho, que aconteceu em 2023, Kathleen buscou ajuda de ninguém menos que Dr. Ballard, responsável por ter encontrado o Titanic, e ele aceitou. Em entrevista ao El País, em Bogotá, ela conta que pensou que ele nunca responderia, mas em poucos minutos recebeu a notificação: “Ele me disse que tinha 80 anos e que pensava em se aposentar, mas que queria que seu epitáfio aparecesse como o do oceanógrafo que encontrou o Titanic e também a tumba de Cleópatra”, contou ao jornal.

Em setembro de 2023, eles então submergiram novamente, com os 68 mergulhadores profissionais dos militares americanos e egípcios, e tiraram as primeiras fotos das estruturas submersas que foram achadas.

Neste mês, Kathleen e sua equipe farão pela primeira vez escavações no local – nas duas últimas vezes, eles só tinha permissão de mergulhar, não de escavar. A expectativa é de novas descobertas e mais evidências para a teoria da arqueóloga dominicana que vem se mostrando bastante consistente e forte.

Reza a lenda que Cleópatra dizia que nenhum homem encontraria seu túmulo. Será que será uma mulher a responsável por desvendar esse mistério então? E ainda uma mulher latino-americana? Sim, estamos ansiosas para saber os próximos capítulos dessa história envolvente e importante.

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