Como você pode se proteger da adultização na internet

As vítimas da adultização não têm culpa, mas, infelizmente, o ambiente digital requer cuidado e atenção dos jovens

Por Juliana Morales Atualizado em 20 ago 2025, 15h31 - Publicado em 20 ago 2025, 15h30
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ocê deve ter se deparado com a palavra ‘adultização’ diversas vezes na última semana. O debate, repercutido pelo vídeo-denúncia viral de Felca, alerta para o problema que ganha proporções preocupantes no ambiente digital e pode gerar consequências graves. E, sim, vocês, jovens leitores da CAPRICHO, precisam participar ativamente dessa discussão e ter um olhar bem atento para as redes sociais. 

Primeiro, vale explicar que o termo adultização diz respeito a situações em que crianças e adolescentes são expostos a conteúdos, comportamentos, responsabilidades ou padrões estéticos típicos da vida adulta antes do tempo. Isso impacta o desenvolvimento físico, emocional e social da nossa galera.

Como explica o Instituto Alana, que defende os direitos das crianças e adolescentes, “esse processo pode acontecer de forma direta, quando há incentivo explícito a essas práticas”. No vídeo, Felca denuncia, por exemplo, perfis de influenciadores mirins que sofrem de adultização e sexualização, e que os próprios pais ou pessoas de confiança estão motivando e lucrando com isso.

Mas a adultização também “pode ocorrer de forma indireta, por meio da exposição constante a referências e valores que antecipam etapas da vida”. O youtuber, que furou bolhas com suas denúncias, também mostrou que, muitas vezes, crianças e jovens são expostas à erotização e ficam mais vulneráveis a abusos, mesmo sem os pais ou eles próprios saberem. Imagens cotidianas, publicadas de forma inocente na internet, podem acabar caindo em grupos e redes de “predadores”, como explicou Felca. 

A repercussão do vídeo fez com que muitos especialistas fossem escutados e falassem aos pais sobre como proteger seus filhos nas redes sociais. Mas e a nossa galera jovem? Como os próprios jovens, que já têm idade para entender os perigos, podem se proteger no ambiente digital em relação à adultização e exploração infantil? Vamos ajudar vocês com algumas dicas importantes.

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Mas, antes, vale deixar bem claro que as crianças e adolescentes são vítimas desses processos e dos crimes virtuais. E as vítimas nunca têm culpa, ok? Mas o cenário, infelizmente, faz necessário alertas como desta matéria. Então, se cuida, combinado?

Primeiro de tudo, respeito com você mesmo

Certamente, você deve acompanhar influenciadores mais velhos que você (ou até da sua idade mesmo) que usam filtros, maquiagens e roupas “mais adultas”. E pode parecer uma boa ideia parecer mais velho só para “se encaixar” ou ganhar seguidores. Mas não se apresse, tá? Cada um tem seu tempo de crescer e descobrir quem é!

Use as redes sociais com olhar crítico

Assim como você não deve copiar um influenciador só para se encaixar, também não se sinta obrigada a seguir tendências. Tem desafios, dancinhas e trend que não são legais e nem seguras. Lembre-se: você não precisa fazer nada desconfortável só porque todo mundo na internet está fazendo.

Cuide da sua privacidade

É importante ter cuidado com o que você posta nas redes sociais – que, de preferência, devem ficar na conta privada, para aceitar só amigos. Antes de publicar fotos, vídeos, pense se não são pessoais e íntimos para compartilhar em um lugar que você não tem controle sobre o compartilhamento. Um exercício interessante para fazer antes de postar é se perguntar se você vai se sentir bem vendo tal publicação daqui alguns anos ou o que seus pais ou responsáveis se sentiriam confortáveis com o que você publicou.

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Inclusive, conversar com pais, responsáveis ou professores podem ajudar a entender o que é apropriado e o que pode ser perigoso. Falar sobre o que você vê e vive online é um jeito de se proteger.

Atenção aos códigos dos abusadores nas redes sociais

Como já alertamos aqui na CAPRICHO, alguns emojis, que muitas vezes usamos para nos comunicar com nossos amigos e que parecem fofos, estão sendo usados por abusadores nas redes sociais. Eles usam os códigos para camuflar intenções criminosas e se comunicar entre si em grupos, perfis falsos e até mesmo em comentários públicos em perfis “desejáveis”. O que parece apenas uma figurinha inofensiva pode esconder uma linguagem que sexualiza a infância, a adolescência e facilita crimes sexuais e aliciamento de menores.

Neste outro texto aqui explicamos mais sobre essa questão dos emojis e os conteúdos nos quais eles são usados. É importante que, se você notar comentários, perfis ou mensagens com esse tipo de conteúdo e simbologia no seu próprio perfil ou de amigos e conhecidos, as melhores indicações são não interagir, responder ou confrontar.

E denuncie!

Você pode ser denunciar conteúdos que mostrem adultização ou sexualização de menores diretamente nas plataformas, usando as opções de “denunciar abuso” ou “conteúdo sexual envolvendo menores”. As redes sociais já têm essas opções disponíveis, viu?

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Além disso, é preciso evitar esse engajamento. Ou seja, se algum vídeo desse tipo chegar até você, não curta, não compartilhe e não comente. A cada vez que isso acontece, a plataforma entende que as pessoas querem ver esse tipo de conteúdo e isso “alimenta” o algoritmo.

Você também pode conversar com seus amigos e amigas sobre o tema — além de pautar o tema em casa — e ler matérias da CAPRICHO como essa sobre o tema. A ideia é que a cada vez que falamos sobre isso, estamos ajudando você, nossos leitores, a criar consciência crítica sobre como os conteúdos são sugeridos para nós nas plataformas.

Canais oficiais de denúncia

Disque 100 – canal nacional de denúncia de violações de direitos humanos;

SaferNet – denuncie de forma anônima: new.safernet.org.br;

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Em caso de emergência ou risco imediato, procure o Conselho Tutelar ou a delegacia especializada mais próxima.

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