Como a trend ‘That Girl’ alimenta a positividade tóxica no TikTok
De acordo com os vídeos, para "ser aquela garota", é preciso seguir alguns passos e ter uma rotina muito saudável. Mas será que isso é legal mesmo?
omer saudável, se exercitar, cuidar da pele, meditar são algumas das principais práticas para ser that girl, ou melhor, ser aquela garota. Esse conceito virou tendência nas redes sociais e incentiva garotas a serem suas melhores versões. Muitos dos vídeos no TikTok mostram jovens que acordam cedo e têm rotinas saudáveis, com toda uma estética fofa e romântica.
Segundo o WikiHow, a trend that girl é a versão moderna da ‘it girl’, que representa “alguém que cumpre todas suas listas de tarefas de saúde e autocuidado, priorizando a boa forma e uma vida saudável, em vez de assistir Netflix compulsivamente, comendo guloseimas”, por exemplo.
Já falamos aqui na CAPRICHO sobre a onda fitness entre a nossa galera. Jovens estão cada vez mais preocupados com a saúde em relação a gerações anteriores, e têm trocado festas e ida as bares por programas mais leves e até por aulas de ginástica ou ioga.
Há ainda o Movimento ‘Sober Curios’ que também ganhou muitos seguidores jovens, que buscam uma relação mais saudável com o álcool. É nesse cenário que tendências como essa da That Girl aparecem e tem ganhado aderência da juventude.
E qual é o problema da trend That Girl?
A principio, essa trend pode parecer totalmente positiva para saúde física e mental, né? No entanto, na prática, nem sempre é assim. Ao se deparar com um vídeo apresentando uma vida perfeita, com tudo em ordem, de alguém comendo bem, treinando bem e fazendo tudo certo, é comum que a garota do outro lado da tela se compare e se coloque para baixo por não conseguir ter uma rotina tão produtiva e sadia.
E, na verdade, ninguém tem essa vida perfeita. As redes sociais mostram apenas um recorte da vida real e isso precisa ficar bem claro para não causar ilusões e ideias totalmente idealizadas. Além disso, propagar essa ideia de que para ser sua melhor versão você tem que seguir uma lista de tarefas e consumir determinadas coisas excluí muitos jovens que vivem diferentes realidades.
É preciso considerar que há jovens que precisam trabalhar desde cedo, não tem tempo e nem recurso para ter uma rotina como pregam no TikTok, por exemplo. Por isso, ao generalizar e radicalizar esse estilo de vida nas redes sociais, a galera acaba alimentando uma positividade tóxica, que não faz bem para ninguém.
O autocuidado pode ser praticado de diferentes formas e ele não deve ser visto como uma forma de status ou performance. Lembre-se: só você pode criar sua melhor versão, viu?