Continua após publicidade

“Botar o meu bracinho na internet é um ato de resistência”

Mariana Torquato cansou de não se sentir representada na internet e criou um canal para falar diretamente com as pessoas com deficiência.

Por Amanda Oliveira Atualizado em 31 out 2024, 21h19 - Publicado em 16 set 2017, 15h01

Quando a gente pensa em inclusão e visibilidade para as pessoas com deficiência no Brasil, fica um pouco difícil encontrar referências na internet que tratem o assunto de forma direta. Foi assim que a catarinense Mariana Torquato, de 25 anos, decidiu começar a gravar vídeos para o YouTube. “Eu queria ter representatividade na internet e, como eu não encontrava, vi que precisava parar de reclamar e fazer alguma coisa“, conta. O canal Vai Uma Mãozinha Aí? completou um ano no último 30 de agosto e já alcança quase 60 mil inscritos!

Caroline Martins e Bárbara Waldorf/Divulgação

A Mari nasceu sem uma parte do braço esquerdo por conta de uma má formação durante a gestação. A gravidez da mãe era de risco por ela já ser mais velha e tomar remédios para tratar um mioma no útero. Ela revela que todo mundo costuma achar que a deficiência foi causada por algum acidente trágico. “Quando eu conto que nasci assim, a pessoa até faz uma carinha de decepção porque achou que viria uma história triste”, comenta.

Criado em 2015, o Vai Uma Mãozinha Aí? demorou mais de um ano para ganhar seu primeiro vídeo. Apesar de ter sido bastante motivada pelos amigos, Mari não tinha certeza se deveria mesmo colocar o projeto no ar. “Eu pensava que as pessoas não tinham interesse no assunto, porque não era algo muito falado”, explica. Ainda bem que ela decidiu seguir em frente!

Continua após a publicidade

No canal, Mariana mostra os desafios diários que ela supera com muita tranquilidade e sorriso no rosto, além de também reservar um espaço para tirar dúvidas e responder perguntas dos inscritos. Seja montando um móvel sem ajuda ou tocando violão com uma mão só, os vídeos dela trazem muito carisma, humor e, acima de tudo, conhecimento.

“É difícil alguém chegar e assumir as diferenças, então botar a cara na internet e, mais do que isso, botar o meu bracinho na internet, é um ato de resistência aos padrões impostos“, garante orgulhosamente. A motivação para Mari continuar com os vídeos cresceu ainda mais quando o público começou a dar as primeiras respostas positivas. Segundo ela, este foi o retorno mais puro que ela já recebeu. “Que bom que eu resolvi seguir um sonho que eu nem sabia que tinha, que é representar pessoas que assim como eu são pessoas com deficiência e passar essa palavra de aceitação, amor próprio, de abraçar as nossas diferenças e olhar para o nosso corpo, o corpo que a gente recebeu, com empatia e respeito”.

Caroline Martins e Bárbara Waldorf/Divulgação

Em um dos vídeos do Vai Uma Mãozinha Aí?, Mari dá alguns conselhos que ela gostaria de ter recebido aos 10 anos. Assim como nos seus outros discursos, a dica principal é ver que há beleza em todo mundo e acreditar que não existe nada que você não seja capaz de fazer. Para as leitoras da CAPRICHO, ela diz: “o ato mais revolucionário que existe é se amar e assumir o que te faz única. É ter orgulho de quem você é e do que te faz ser diferente”.

Continua após a publicidade

Tenha orgulho das suas diferenças, mesmo que, para muitos, elas sejam vistas apenas como uma deficiência. Todos nós precisamos de uma ajudinha para seguir em frente, mas você (e apenas você!) é a maior incentivadora da própria vida! Mãos à obra?

 

Publicidade