Blog da Galera: nosso slam da Baixada Fluminense vai dominar o mundo!

Gyovanna Cabral, da Galera CH, conta como foi a final do "Slam da Rampa de Paracambi", evento do qual é uma das organizadoras.

Por Da Redação Atualizado em 31 out 2024, 01h11 - Publicado em 31 out 2019, 12h33

E aí, pessoal, aqui é a Gyovanna Cabral, vulgo (@poetagy)! Sou poeta do @poesiade1minuto e organizadora do “Slam da Rampa de Paracambi”, junto com a Ray, vulgo aya (@daysofaya). Resumindo, pra quem não sabe, slam é uma batalha de poesia de no máximo três minutos, com jurados escolhidos na hora, em que fica proibido qualquer tipo de objeto cênico, acompanhamento sonoro (sons produzidos com o corpo podem) e preconceito. Ou seja, qualquer frase racista, machista, homofóbica, transfóbica, e por aí. Isso resulta na desclassificação do poeta.

Mas, antes de falar de como foi a final do nosso campeonato, precisamos conversar sobre arte na periferia. A Baixada Fluminense é um lugar muito complicado para se ter arte. Paracambi é o último município da Baixada. Pois é. Pra quem pensa que não existe trem depois da estação Japeri, tem ainda Lages e sóóó depois, Paracambi. Artistas possuem uma agenda insana: voltamos tarde dos eventos e, às vezes, saímos tarde com trabalhos de última hora. O último trem para fora da cidade é às 20h15, e o último para retornar sai às 21h10, e com os ônibus não é nada muito diferente.

Arquivo Pessoal/Reprodução

Quantas vezes fizemos edições em que várias pessoas se lamentaram por não poder ir por morar longe da cidade e não ter como voltar?! Sem contar que tudo é muito recente, somos pouco unidos para esse tipo de evento, coisa que está começando a mudar com o passar do tempo. O local que rola a galera nem sempre vai para prestar atenção no slam, muito pouco rola a troca de energia bacana, e sempre tem aquilo, né? Os meninos que participam de batalhas de rap não prestam atenção nas minas recitando. Estamos aqui para mudar isso e lutar o máximo possível para que cada vez menos a gente ouça que, para crescer na vida, é preciso sair da Baixada.

 

No último sábado, 19, realizamos a final de uma jornada que começou no dia 22 de junho, e que continuará no próximo ano (se Oxalá quiser)! E vim aqui contar tudo o que rolou. Tivemos nosso varau, que é um lugar onde prendemos desenhos de artistas locais e da Baixada Fluminense. Contamos com a participação de uma artista talentosíssima da cidade chamada Cassiane (@calufana), que expôs com a gente seus desenhos lindos feitos à mão, e com outro desenhista que está treinando para ser tatuador, diretamente de Nova Iguaçu, o Lucas Martins (@llcs44). Tem todo o tipo de arte aqui, é só chegar e expor!

Continua após a publicidade

E, é claro, rolou uma competição aceradíssima entre o Ralph (@odekasa), dono da Casa Uivo de Paracambi, espaço para cultura na cidade, e o Caroi (@caroi.ghll), rapper talentosíssimo local, CEO da produtora @guarahell. No final do terceiro round da batalha, ficou decidido pelos jurados: Ralph foi o vencedor. Ele ganhou o titulo de representante da Baixada no @slamRJ, que acontece nesta quinta-feira, 31, e vai ter a chance de levar para o Slam Brasil e o mundial na França, e também uma poesia gravada pelo @ladonorteprod, que fotografou o evento e que faz vários trampos de filmagem. Em breve, ele vai postar o vídeo do Ralph no seu canal. Fiquem ligados, porque os moleques são talentosos!

Os meninos Ralph e Caroi. Arquivo Pessoal/Reprodução

Contudo, teve mais emoção durante a final! Enquanto calculávamos as notas, a cantora MC Afrodite (@afroditebxd) quebrou tudo no nosso microfone e cantou seu novo single pela Nuvem Records, Afrodite Se Quiser. No início, a galera tava distraída, mas, conforme ela foi soltando a voz, ninguém aguentou. Rolou até uma roda punk no fim.

Continua após a publicidade

A @afroditebxd em ação! Arquivo Pessoal/Reprodução

Foi basicamente isso que rolou no nosso último “Slam da Rampa de Paracambi”. Não temos apoio da prefeitura e, às vezes, nem tanto dos moradores, mas é lutar pra conquistar respeito. Aparecemos até no jornal “O Dia” da Baixada, junto com o “Slam Poético de Caxias”. Enfim, apoiem duas minas que fazem o corre de maneira independente e não façam como na música da Afrodite e sejam feministas só quando convêm. A arte não para, a arte resiste e resiste na periferia!

Espero que tenham entendido e que eu veja vocês nas próximas edições, hein? É só seguir a gente no Instagram (@slamdarampa) e no Facebook (@slamdarampapbi).

Poesia e resistência são a nossa estampa,
@poesiade1minuto

Publicidade