Bel para Meninas: entenda o caso e o porquê da remoção de vídeos do canal
MP entrou com ação judicial e todos os vídeos do canal da Bel foram removidos, por serem parte de um caso que corre em segredo de Justiça
Francinete e Maurício Peres, pais de Bel, de 13 anos, do canal Bel (conhecido como Bel para Meninas), que tem mais de 7 milhões de inscritos, arquivaram todos os vídeos publicados no YouTube em que a menina aparece. Isso aconteceu após determinação judicial, que também impede a garota de falar publicamente sobre o fato de sua família, principalmente sua mãe, estar sendo acusada de exposição vexatória e constrangimento.
O caso, que corre em segredo de Justiça, ganhou maior destaque nas redes sociais nas últimas semanas, quando o Conselho Tutelar de Maricá (RJ) foi duas vezes à casa em que Bel mora com seus pais e Nina, sua irmã de 5 anos, analisar a denúncia aberta pelo Ministério Público.
Por causa disso, recentemente Fran e Maurício postaram dois vídeos no canal pessoal da mãe, o Fran para Meninas, que tem mais de 6 milhões de inscritos. No primeiro, eles leem um texto que escreveram em que chamam o que está acontecendo de uma “campanha caluniosa” e “sem fatos verídicos” contra sua família.
https://www.youtube.com/watch?v=VM1dTUGOHG8
No segundo, os dois desabafam e falam da remoção dos vídeos. “Do dia para a noite nós vimos nossa vida desmoronar por conta de umas fakes news que impulsionaram“, diz Maurício. “Nossas filhas, que sempre foram felizes, sempre foram alegres, pela primeira vez na vida estão vendo a maldade, a crueldade deste mundo”, continua em outro momento. “Se em algum vídeo alguma coisa pareceu ruim ou infeliz, nunca foi a nossa intenção. (…) Se publicamos, foi porque não vimos maldade em nada. (…) Eu nunca bati nas minhas filhas, nunca. (…) Eu nunca coloquei as minhas filhas de castigo”, completou a mãe.
“Vamos privar todos os vídeos em que elas [as filhas do casal] aparecem. Não vamos excluir nada até porque essa é a nossa história, a nossa vida, mas estará disponível para qualquer autoridade que queira ver”, disseram. Os comentários de ambos os vídeos foram desativados.
https://www.youtube.com/watch?v=WZtiH1LEpBk
Entenda o caso
Bel apareceu na internet pela primeira vez em 2012, com 8 anos, em um outro canal criado por sua mãe para mostrar penteados. O de hoje, chamado Bel, é destinado para crianças e totaliza uma média de 48,3 milhões de views mensais. Segundo Fran, no vídeo que publicou nesta semana, a ideia do canal é “mostrar brincadeiras que todas as pessoas pudessem fazer, que não precisassem de dinheiro e nada especial”. Além desse canal, a família possui outros, totalizando o número de 20 milhões de inscritos e ainda tem 4 livros publicados.
Em 13 de maio, #SalveBelparaMeninas chegou aos Trending Topics do Twitter. Na hashtag, a mãe de Bel, Fran, foi acusada de submeter a filha a cenas humilhantes para conseguir audiência. Em um dos vídeos comentados, Fran aparece insistindo para que Bel experimente uma gororoba feita com bacalhau e leite, mesmo após a garota avisar que passaria mal. Em seguida, Bel vomita. Em outro vídeo, Fran diz para os seguidores escolherem qual mochila Bel devia usar na escola, enquanto a menina de 13 anos se mostra desconfortável com a situação por não pode escolher aquela que gostaria.
Esta não é a primeira vez que o canal Bel para Meninas gera polêmica nas redes sociais. Em 2016, o youtuber Felipe Castanhari chegou a comentar os vídeos postados por Francinete da própria filha. Na época, o Ministério Público de Minas Gerais instaurou um inquérito civil para apurar o canal. Caso irregularidades fossem confirmadas, a mãe precisaria remover todos os vídeos que fossem considerados de comunicação mercadológica abusiva. Ainda não se falava de um abuso de poder familiar em troca de audiência.
A preocupação é grande pois, além da grave denúncia que diz respeito a uma família, Bel tem apenas 13 anos e está precisando lidar com uma realidade que repercute não só na vida pessoal, como na escolar. Um canal com mais de 7 milhões de inscritos é uma responsabilidade e tanto. O que vemos é uma adolescente assistindo a sua vida ser analisada por um órgão público e por pessoas nas redes sociais, que muitas vezes se esquecem de que é preciso falar com jeito, pois a saúde mental de uma menina, em uma das fases de maior confusão e insegurança da vida, está em jogo.