Artista retrata o desaparecimento das mulheres muçulmanas em fotos
Em trabalho autobiográfico, Boushra Almutawakel faz questionamentos políticos e sobre controle do corpo feminino a respeito do hijab e da burca
A artista e fotógrafa Boushra Almutawakel, natural do Iémen, país localizado no Oriente Médio, posta em seu Instagram alguns ensaios fotográficos que produz para relatar o desaparecimento e, consequentemente, o silenciamento da mulher muçulmana na sociedade.
A abordagem da iemenita já é de tempos, mas recentemente, com o Talibã assumindo novamente o poder no Afeganistão, as imagens estão recebendo mais atenção. Em publicação de novembro de 2020, Boushra e sua filha aparecem juntas numa sequência de fotos que mostram como o corpo da mulher é controlado por questões políticas, que vão além da religião. Sua filha, que na época tinha 6 anos, ela e uma boneca têm seus corpos cobertos por cada vez mais pano, até que, simplesmente, se camuflam com o fundo preto e desaparecem.
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“Às vezes, a escuridão e o medo me oprimem e me consomem a ponto de não me reconhecer. Eu quero me esconder na escuridão, derreter e desaparecer nela. Tenho fome de segurança. Eu quero me esconder. Esconda-se bem no fundo, onde ninguém possa me encontrar. Eu quero me esconder de volta no ventre de minha mãe“, escreveu a artista em outra publicação autobiográfica, que você confere a seguir:
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Em outra postagem, a iemenita mostra como seria se o corpo do homem fosse controlado, ao invés do da mulher:
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O hijab faz parte do vestuário da mulher islâmica e, segundo a religião, é “o véu que separa o homem de Deus”. A burca é uma extensão do hijab e peça tradicional das muçulmanas, especialmente daquelas que moram no Afeganistão. São roupas conservadoras e a maioria tem apenas uma abertura na região dos olhos, para permitir que elas enxerguem. Apesar de muitas pessoas defenderem que tais trajes podem ser considerados de escolha da mulher – e em lugares e situações pontuais realmente são -, é preciso entender o cenário em que aquela mulher, esteja ela usando ou não hijab ou burca, está inserido. Não é só sobre religião, como aponta a página Feministrampos; é também, e principalmente, sobre controle e política.