Ariana Grande merece seu perdão ou os fãs que merecem mais?

Ausência dela na première de Wicked foi seguida de comunicados rasos e preconceituosos até a explicação detalhada em vídeo. E agora, como ficam os fãs?

Por Mavi Faria Atualizado em 5 nov 2025, 15h06 - Publicado em 5 nov 2025, 15h05
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inda na madrugada desta quinta-feira (04), fãs de Wicked e, especialmente, da Ariana Grande, receberam a notícia que mais temiam: a cantora não conseguiria vir ao evento em São Paulo, a primeira data da première mundial do filme, que marcaria seu retorno no Brasil após oito anos.

O anúncio, feito por meio de uma carta no story do Instagram, afirmava que ela e sua equipe precisaram sair do voo em que estavam em virtude de uma manutenção de segurança na aeronave. Ela garantiu que tentou, ao lado da Universal Pictures, conseguir qualquer outro voo, incluindo “durante a noite, logo pela manhã, com conexões, comercial e privado”, mas que nenhum estava disponível. Seu embarque original, segundo ela, aconteceria somente no dia 04 às 11h da manhã, ou seja, não chegaria a tempo para a première.

Logo após a postagem, tanto os fãs que estavam acampando na fila do evento para vê-la, quanto os que aguardavam em casa começaram a demonstrar sua insatisfação e revolta nas redes sociais, lembrando do dinheiro, tempo e disposição que tiveram para tentar ver a cantora pela primeira vez. Vale recordar que, para conseguir o convite para a première, fãs se esforçaram na produção de vídeos e de declarações nas redes, pagaram a assinatura do Cinemark, comparam baldes e alimentos da empresa de cinema para resgatar pontos, viajaram de suas respectivas cidade, agendaram hospedagem e até se submeteram a acampar no portão do evento.

As reclamações inicias questionaram a vontade de Grande em vir ao Brasil depois de tantos anos, o despreparo e falta de cuidado dela e de sua equipe em organizar voos com antecedência para evitar problemas do tipo. Além disso, a sensação geral era de que a carta da cantora não era suficiente para apaziguar a tristeza e o descaso que os fãs vêm sentindo já há algum tempo, muito motivados pelo distanciamento físico da cantora e da aparente falta de empenho dela em estar mais perto, como comercializando seus perfumes ou produtos da marca de maquiagem r.e.m. beauty, ou ainda trazendo a eternal sunshine tour para o país.

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Em setembro deste ano, Grande anunciou a turnê de seu mais recente álbum, inicialmente chamada de ‘a miniturnê’, com datas somente nos Estados Unidos e em Londres. Entretanto, com milhões de fãs na lista de espera, a cantora adicionou mais datas, totalizando 46 no total, divididas entre Estados Unidos e Londres, na Inglaterra. A divisão desequilibrada de quase 50 datas em dois países, somente um deles sendo fora dos EUA, é o que revoltou os fãs do restante do mundo, que se sentiram ignorados e desvalorizados.

É por isso que, para os fãs, analisar a atual relação da cantora com o Brasil mostra um cenário triste e de descaso, em que mesmo na première de Wicked, onde ela viaja para diversas cidades do mundo, somos os únicos a não terem sua presença. Contudo, com as declarações públicas de raiva, tristeza e decepção, incluindo alguns comentários feitos na raiva xingando a cantora, Grande compartilhou um novo posicionamento nas redes, pedindo “por favor, não desejem coisas ruins pra gente. Fizemos tudo o que podíamos e eu prometo que ninguém está mais chateada do que eu, de verdade”.

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A mensagem, para os fãs, deu a entender que os arianators brasileiros, todos, estavam sendo agressivos e os taxou como pessoas ruins que estavam desejando as piores coisas do mundo a ela e ao filme, o que não é verdade. Com a repercussão negativa da mensagem, o story foi apagado horas depois. A retratação e o pedido de desculpas oficial da cantora veio durante a première, quando ela apareceu em um vídeo explicando a situação, se desculpando e prometendo se retratar com os fãs.

O grande problema entre Ariana Grande e os fãs foi falta de comunicação?

Apesar da sensação ruim entre a cantora e os fãs brasileiros — que passaram a receber ataques de ódio dos fãs internacionais no X (ex-Twitter), o vídeo compartilhado na première parece ter sido suficiente para muitos fãs perdoarem e entender que a cantora realmente queria ter vindo, sua intenção e vontade de estar presente. Na rede, a galera compartilhou como a falta de um comunicado claro e detalhado logo no início poderia ter evitado grande parte da chateação.

Para se ter uma ideia, foi só no vídeo que ela explicou que já iria viajar em um voo comercial, que tentou fretar aviões particulares quando as coisas deram errado mas que é preciso solicitar uma autorização prévia, que leva até dois dias para ficar pronta, para entrar no país com voos privados.

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Ela também contou que tentou viajar com Jonathan Bailey, que a equipe da Universal tentou tudo o que podia e que não deu certo. Por outro lado, em seu primeiro comunicado, ela não detalhou como a situação havia se desenrolado e quais eram os impeditivos para resolvê-la, o que deixou fãs e o público geral induzirem que ela não queria vir, que não fazia questão e que não havia se esforçado para vir.

Isso quer dizer que todo fã brasileiro precisa perdoar a cantora agora?

De forma alguma! Como explicamos nesta outra matéria aqui, ser fã não te faz imune a se sentir chateado, triste, decepcionado, com raiva. A relação entre ídolo e fã é como um relacionamento com um amigo: se ele diz coisas que te machucam ou age de uma forma que te faz mal, você tem todo o direito de se sentir mal e de se permitir um tempo para pensar, ou até para se afastar do ídolo — alguns fãs de Grande chegaram a brincar que iriam ficar uma semana sem ouvir suas músicas como uma forma de ‘colocá-la de castigo’ por suas palavras.

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Outros, ainda não sabem como lidar com o sentimento de decepção após perceber que Grande estava generalizando a ideia preconceituosa de que brasileiros são pessoas agressivas que desejam situações de perigo para ela, como aconteceu no segundo comunicado postado, em que ela afirma: “Não importa o quanto vocês estejam bravos ou decepcionados, por favor, não desejem perigo pra gente nem pensem que a gente não tentou. Aconteceu que o avião teve um problema de segurança, e eu já expliquei por que foi impossível encontrar outra opção”.

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Estar chateado ainda por essa postura de Grande não faz uma pessoa ser menos fã e é natural — e indicado — esperar por um tratamento respeitoso e cuidadosa daquele de quem você ama tanto, como é no caso dos ídolos. Da mesma forma que ninguém pode te julgar se você se sentir tão decepcionado com o ídolo ao ponto de parar de acompanhá-lo tão de perto, entendendo que não vale para você ser fã da pessoa.

A ausência da cantora na première e os comunicados que incentivaram, mesmo que sem a intenção, o ódio de fãs gringos nos brasileiros, tornou o evento de Wicked um dia de tensão, tristeza, raiva e desleixo para quem acompanha Grande no Brasil. É natural haver uma sensação geral de descaso e seja qual for seu sentimento, ele é válido.

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