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Delegado faz pouco caso de mulher agredida: ‘Foi o guarda-roupa?’

O delegado ainda negou medida protetiva à vítima.

Por Marcela Bonafé Atualizado em 31 out 2024, 21h44 - Publicado em 18 Maio 2017, 18h03

Quando mulheres dizem que não são levadas a sério ao denunciarem violência doméstica ou qualquer outro tipo de abuso, tem muita gente que não acredita. No entanto, esse quadro é real e muito sério. No começo de maio, foi a vez da paraibana Flávia Batista Florêncio receber uma resposta absurda de um delegado, que foi divulgada na última quarta-feira, 17.

Quando a vendedora da cidade de Piancó foi até a delegacia denunciar um ex-companheiro por agressão, foi desacreditada e questionada se o hematoma não tinha sido causado pela porta guarda-roupa ou, ainda, se ela não tinha caído da escada. Em resposta à pergunta irônica e ~ridícula~, ela disse que na casa dela não tem escadas.

TV Paraíba/Reprodução

E a triste realidade não para por aí: o delegado não autorizou medida protetiva. “Quando a advogada foi lá para saber como andava o processo, ele não tinha feito nada. Ela teve que se dirigir ao Ministério Público para que o processo tivesse andamento”, relatou Flávia Florêncio à TV Paraíba.

Para piorar, o delegado ainda disse que a decisão acerca dela precisar ou não de medida protetiva cabia a ele, não à vítima, nem à advogada. Ainda, ele afirmou que se Flávia não quisesse que nada acontecesse com ela, deveria se trancar dentro de casa, porque ele não seria o “segurança particular” dela. Dá para acreditar?

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TV Paraíba/Reprodução

Acontece que, legalmente, a vítima tem o direito de requerer a medida protetiva, que deve ser dada em até 48 horas, independentemente da investigação criminal, para preservar a própria integridade. Se Flávia achou que precisava, o delegado precisava ter dado, mesmo que ainda esteja ouvindo testemunhas e o inquérito só fique pronto dentro de 30 dias.

A agressão, segundo Flávia, rolou um dia às 3h, quando ela voltava para casa com uma amiga. O ex-companheiro empurrou o portão e a amiga dela para invadir a casa e, então, entrou já a agredindo. O delegado Rodrigo Pinheiro, que está à frente do caso, diz estar analisando essa versão e uma outra, que diz que Flávia foi agredida durante uma briga em um bar.

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Apesar de todos os pesares, ela garante à TV Paraíba não vai desistir: “Porque se a gente não enfrentar, vai continuar acontecendo, eles vão continuar acreditando que podem fazer uma vez e sempre, e nunca vão ser punidos por isso”.

Estamos com você, Flávia, e todas as mulheres que são diariamente desacreditadas ao fazerem denúncias.  Isso precisa parar.

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