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‘Anti-wellness’ será a próxima tendência, contra a obsessão pelo saudável?

Vídeos no TikTok discutem a toxicidade do movimento wellness e a necessidade reinventá-lo de forma equilibrada

Por Juliana Morales 11 nov 2024, 17h30
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a obsessão por corrida ao shot matinal, o movimento wellness (de bem-estar, em português) parece dominar as redes sociais, pregando uma rotina super regrada de alimentação saudável, skincare e exercícios físicos. Porém, conteúdos questionando essa tendência começam a surgir nas redes, como um contraponto à ideia do que realmente é bem-estar – e traz um debate que vale a pena a gente ficar de olho. 

escritor e especialista em tendências Jorge Grimberg foi um dos primeiros criadores de conteúdo a trazer o termo ‘anti-wellness’ para a discussão. Em vídeo publicado nas redes, ele ressalta que muitas pessoas estão percebendo que a obsessão pelo bem-estar está se tornando menos saudável do que alguns hábitos negativos que as pessoas tinham antes desse estilo de vida ultra saudável.

“Ao seguir rotinas rígidas, que se multiplicam online, nós podemos estar elevando o nosso tempo de tela, nosso custo de vida e, talvez, não gerando bem-estar, e, sim, uma pressão por um estilo de vida inatingível que não considera a realidade”, analisa.

Ele explica que essa onda de bem-estar surgiu para proporcionar um alívio diante do alto índice de burnout, estresse e ansiedade. No entanto, a forma com que ela vem se espalhando é tóxica. Isso porque até a ideia de autocuidado, quando é radicalizada, é prejudicial.

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Com essa cultura do wellness, que parece não reconhecer que vamos ter maus hábitos de vez em quando, surge uma pressão de ser regrado e perfeito o tempo todo. E, quando não é possível cumprir a dieta a risca ou a rotina de exercícios, surge o autojulgamento e a vergonha por não estarmos nos cuidando. “Isso acaba gerando compulsões e comportamentos que podem virar doenças mentais e distúrbios alimentares”, alerta Jorge. 

Nós já havíamos discutido aqui na CAPRICHO que existe um embate entre os próprios membros da Geração Z sobre o que é aproveitar a vida na juventude hoje, já que, enquanto uma parte da nossa galera segue a onda fitness, outra defende que “os jovens não gostam mais de ser jovens”. Ao optar por levar uma vida extremamente regrada, de dormir muito cedo para acordar muito cedo, ou priorizar a meditação ao invés de um rolê, muita gente tem se afastado dos amigos também.

Segundo Jorge, a ideia é buscar o equilíbrio e fugir das ideias extremistas sobre o tema. “Anti-wellness, termo cunhado pelo WGSN [empresa de previsão de tendências], não é sobre rejeitar o que significa wellness ou bem-estar, e, sim, sobre reformular o que acreditamos que nos deixa bem e encontrar um meio termo“, explica. 

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Para usuária Luna Andrade, que também fez um vídeo sobre o tema, o discurso do anti-wellness pode ser resumido em que você não precisa se colocar em uma caixinha. “Eu sinto que por causa dessas micro-tendências nos últimos anos, principalmente aqui no TikTok, as pessoas estão com uma mania de se enfiar em uma estética. Quem colocou na cabeça das pessoas que elas não podem ser mais do que uma coisa ao mesmo tempo?”, questiona.

Ela reforça que “nada te impede de ter atividades, gostos, hobbies diferentes”. Você pode ser uma pessoa que curte fazer yoga ou pilates de manhã, e na sexta-feira, à noite, sair com as suas amigas para tomar um drink. “Para mim, o anti wellness está surgindo, simplesmente, porque as pessoas cansaram de viver em um culto. Os seres humanos são seres sociais, acho muito difícil uma pessoa de 20 anos ser feliz sem ver os amigos, sem sair para curtir, só indo dormir às 20h”, opina.

“Na minha cabeça, o wellness é uma vida balanceada. Então é wellness você sair com seus amigos e uma coisa não anula a outra. Você pode querer ter uma rotina mais regrada, só que se permitir ir para uma festa”, completa.

E aí, o que é bem-estar para você? Vale se questionar e refletir. 

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