Ansiedade pelo futuro ideal está te tirando a possibilidade de ser jovem

Nossa galera está concentrada em ser algo no futuro, enquanto tem um presente real, cheio de possibilidades, esperando por nós

Por Juliana Morales Atualizado em 13 out 2025, 18h05 - Publicado em 13 out 2025, 17h00
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ocê já percebeu o quanto esperam da juventude? Nessa fase, nossa galera já é cobrada por tudo que ainda vai acontecer, e o futuro próspero e feliz recai como uma responsabilidade enorme nos jovens. Mas precisamos falar do presente também: como fica a nossa saúde mental diante dessa pressão toda? 

 

Durante o primeiro painel do Super Meninas, evento da Girl Up em parceria com a CAPRICHO, as psicólogas Bianca Mayumi e Ursula Maschette discutiram as questões que afligem os jovens e refletem em dados preocupantes sobre o estado emocional e psicológico das garotas em especial. As especialistas analisaram como essa pressa e foco no futuro deixam a galera mais ansiosa e faz com que percamos a oportunidade de, simplesmente, sermos jovens.

“É uma ansiedade que não permite ser o que é. O jovem tem que ser algo que ainda vai ser, que é um adulto que paga suas contas, que já fez a faculdade, que já tem uma profissão consolidada”, afirma a pesquisadora Ursula. 

Aí quando chega na fase dos 20 e poucos e 30 anos, já é esperado que tenha alcançado todo o dinheiro e sucesso, caso contrário, é motivo para se sentir atrasado e infeliz. “A sociedade hipervaloriza esse momento [vida adulta]. E se você não está nessa fase rica e bem-sucedida, é quase como se não é válido a sua existência do jeito que ela é”, diz a psicóloga.

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Ursula rebate toda essa ideia e diz a nossa galera que não precisa ter ansiedade de ser algo. “Vocês já são: já são jovens e isso é tudo o que vocês precisam precisam para construir o que vocês querem agora. Serem exatamente quem vocês são”, defende. “Não tem um por vir, tem um já. Tem um agora possível”, completa. 

Bianca alerta também sobre a armadilha de “ficar tão preso em viver o ideal e acabar esquecendo que existe uma vida possível e que devemos encará-la”. Ao buscar essa perfeição, muitas vezes, paralisamos. “A gente vai falando assim então: ‘não, deixa vou ficar quieta, não vou mais sair daqui [por causa do medo de erra ou não dar certo]. Só que a vida vai expor a gente, vai nos chutar e vamos ter que encarar”, diz. E continua: “Às vezes, estaremos preparados, às vezes, não.”

A psicóloga e produtora de conteúdo reforça que, muitas vezes, é preciso fazer uma escolha, mesmo sem ter certeza dela. Mas será que vai ser a mais correta? Não dá para saber. O importante é entender o que faz mais sentido para você naquele momento. É assim: um dia de cada vez, testando, tentando e se arriscando.

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“Nós crescemos com uma caixa de ferramentas. Em alguns momentos, vamos ter apenas um martelo e vamos ter que usá-lo para tudo. Mesmo que em alguma situação, seja melhor usar uma parafusadeira, vamos ter que improvisar e ir com o martelo mesmo”, diz.

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