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Anestesista ameaçou enfermeira que questionou sedação: “Você também quer?”

Em depoimento para a polícia, testemunha relatou resposta violenta que recebeu de Giovanni Quintella Bezerra quando questionou sedação em excesso em partos

Por Isabella Otto Atualizado em 12 jul 2022, 10h36 - Publicado em 12 jul 2022, 10h30
Imagem de Giovanni Quintella Bezerra, médico anestesista preso em flagrante por estupro de vulnerável. Ele é um homem branco, por volta dos 30 anos, com cabelo curto e barba
Arquivo Pessoal/Reprodução

Novos desdobramentos do caso do médico anestesista em formação que estuprou uma mulher durante cirurgia cesariana no Hospital da Mulher Heloneida Studart, em São João do Meriti, no Rio de Janeiro, seguem surgindo.

O escritório de advocacia Novais, que inicialmente defenderia Giovanni Quintella Bezerra, de 32 anos, anunciou na tarde de segunda-feira (11), após ter acesso aos depoimentos e às provas do processo, que deixaria o caso.

A Polícia Civil está investigando o episódio e ouvindo testemunhas para entender se o profissional de saúde teria cometido outros crimes além do estupro de vulnerável, cuja pena varia de 8 a 15 anos de reclusão. Na tarde desta terça-feira (12), deve acontecer uma Audiência de Custódia, que é quando o preso em flagrante se apresenta à autoridade judicial para que as circunstâncias e os aspectos de legalidade formal em que a prisão se deu sejam avaliados. No final da audiência, fica decidido se haverá a prisão preventiva ou a conceção da liberdade provisória.

 

A equipe de enfermagem que filmou as cenas de violência sexual contra a mulher grávida e denunciou Giovanni Quintella Bezerra disse que o anestesista tinha comportamentos estranhos, que levantaram as suspeitas. Por exemplo, o excesso de sedativo que usava nas gestantes.

Uma das enfermeiras, inclusive, chegou a questioná-lo sobre isso. Como resposta, ela ouviu um irônico e ameaçador: “Por quê? Você também quer?”. Este trecho do relato foi dado pela enfermeira durante depoimento na Delegacia de Atendimento à Mulher de São João de Meriti e foi divulgado pelo Universa.

A mesma profissional informou que o anestesista pediu que o acompanhante da vítima deixasse a sala de cirurgia, que foi quando ele cometeu o estupro, introduzindo o pênis na boca da mulher por cerca de dez minutos. “O rapaz que dá anestesia mandou eu sair na metade. Eu não tinha visto nem a criança e minha esposa já tinha dormido”, disse o marido da vítima em depoimento na delegacia.

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A polícia investiga outro possível estupro de vulnerável que pode ter sido cometido por Quintella no mesmo hospital. Segundo relato da mãe da vítima, a filha chegou ao quarto, após a cesariana, com o rosto todo sujo e dizendo que achava que havia tido uma alucinação. “Quero justiça. Minha filha tá com depressão, pelo o que ela passou lá dentro(…) Ela veio para mim pro quarto e ficou dormindo o dia todo. Eu não entendi porque ela estava toda mole”, relatou a testemunha.

O médico anestesista segue detido no presídio de Benfica, na Zona Norte do Rio de Janeiro, e deve sair de lá para a Audiência de Custódia, quando novos desdobramentos do caso devem surgir.

Em seu perfil oficial do Instagram, que foi fechado após a prisão em flagrante, Giovanni Quintella Bezerra postava fotos de seu dia a dia como médico anestesista: “Vocês ainda vão ouvir falar de mim”, escreveu em publicação recente.

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