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Alan ‘Boletinhos’ lança livro sobre educação financeira para nossa galera

Pagar a fatura do cartão não precisa ser algo penoso, viu? Para Alan Soares, do Boletinhos, a educação financeira pode, na verdade, te salvar na vida adulta

Por NAIARA ALBUQUERQUE Atualizado em 29 out 2024, 18h50 - Publicado em 26 mar 2023, 10h05
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e você é um jovem adulto com certeza já se preocupou em algum momento em pagar boletos e se perguntou se o salário vai durar até o final do mês – essa é, infelizmente, uma das tristezas da vida adulta, né? Para Alan Soares, idealizador do projeto Boletinhos (@boletinhos), esse processo de se organizar com o dinheiro tem que começar por uma conversa franca sobre ele, além, claro, de duas palavrinhas mágicas: organização financeira.

Alan idealizou o Boletinhos em meados de 2019, quando teve que estruturar um projeto financeiro para um programa de pós-graduação que fazia. Em pouco tempo, viu sua página começar a circular e ganhar adeptos entre o público jovem. Com uma linguagem franca e direta, ele alimenta até hoje suas contas nas redes sociais e, neste ano, lançou um livro que se propõe a se comunicar com jovens adultos que começaram ou que querem começar a se organizar financeiramente e não sabem muito bem por onde.

Nós, da CAPRICHO, entrevistamos Soares sobre sua nova publicação ”Boletinhos: como virar adulto sem surtar”, pela editora Companhia das Letras, e também sobre possíveis dicas para nós, jovens adultos, que querem começar a organizar as contas, investir e até, quem sabe, começar a planejar o futuro lá na frente (a aposentadoria é um plano que tem começar a ser desenhado o quanto antes, sabia?)

 

Homem branco tatuado
Alan Soares é o idealizador da projeto ‘Boletinhos’ nas redes sociais reprodução/Reprodução

Leia a entrevista completa:

CAPRICHO: Como foi o processo de montar esse livro?

Alan Soares: Fez muita diferença ter apoio da minha editora, porque essa publicação teve revisão de um especialista na economia. Isso porque eu sou da área de comunicação, então tudo que eu coloco no Boletinhos vem de pesquisas e de adaptar para essa linguagem fácil, jovem e acessível, para que se torne um assunto mais agradável para esse público.

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Quais desafios você teve em transformar esse projeto em livro?

Eu comecei o Boletinhos em 2019 e fui vendo que meu público era a geração Z e também os Millenials. O pessoal que está entre os 20 e 30 anos, que está pensando em morar sozinho e começando a pagar as contas sozinho. Mas também quis falar com a geração de agora, mesmo adolescentes, porque esse é um assunto que raramente as pessoas vão ter um contato mais próximo. Eu tive a sorte de ter esse contato através da minha mãe. Ela sempre me ensinou muito sobre finanças, mas eu percebia pelos meus amigos que não era uma realidade. Porque é um assunto que muitas vezes a pessoa não sabe absolutamente nada. Então esse foi um grande desafio.

oda essa nossa instabilidade financeira não veio do nada. Ouço muito que as pessoas se sentem culpadas por não conseguirem poupar, mas essa não é uma culpa individual.

Alan Soares, autor do Boletinhos

 

Você comentou da referência que teve pela sua mãe. Como foi isso?

Eu absorvi muito o valor do dinheiro. Ela era técnica em enfermagem e eu entendi desde muito cedo o quanto ela tinha que trabalhar para conseguir as coisas. E quando eu comecei no mercado de trabalho, eu entrei com a mesma mentalidade que ela.

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No início do livro você faz uma recapitulação da história do Brasil, e toca, por exemplo na hiperinflação. Você acha importante de alguma forma entendermos o passado para projetar o futuro?

Esse capítulo foi o mais difícil de ser feito. Mas eu acho importante pois mostra que nós não viemos do nada. Toda essa nossa instabilidade financeira não veio do nada. Ouço muito que as pessoas se sentem culpadas por não conseguirem poupar, mas essa não é uma culpa individual. Não é algo super fácil. Eu acho que entender esse contexto que aconteceu com o Brasil nos ajuda a entender que há um problema coletivo. Que é um problema social, um problema mais amplo e que não é uma uma culpa individual. A minha ideia é começar entendendo isso pra depois a pessoa conseguir se organizar.

(O período da hiperinflação começou em 1980, sabia? Foi quando o aumento dos preços ocorria de forma descontrolada. Foi daí, por exemplo, que herdamos o costume de fazer uma grande compra do mês no mercado – já que os preços podiam mudar diariamente. Dá pra imaginar?)

Capa e contra capa azuis do livro Boletinhos
Capa e contra-capa do ‘Boletinhos’ de Alan Soares, publicado pela Companhia das Letras Companhia das Letras/Reprodução

Como nasceu o Boletinhos? 

Em um dos trabalhos da disciplina da pós-graduação eu tive que criar um projeto digital que fosse relacionado ao meu trabalho. Eu já trabalhava com publicidade, e eu sempre gostei desse universo das finanças, então uni esses dois mundos. 

A princípio, eu criei o perfil só pra apresentar as pessoas ao projeto, mas elas começaram a seguir espontaneamente ele. Foi então que percebi que era algo que as pessoas queriam consumir esse tipo de conteúdo, com uma linguagem mais acessível, sabe?

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Quando falamos em finanças acabamos falando de hábitos de consumo e do lado mais emotivo das pessoas. Por que isso ainda é tão difícil?

O dinheiro ainda é um tabu. Mas a gente precisa falar para trocar experiência e para trocar conhecimentos. Acho que tem muita gente que recebe a fatura do cartão no final do mês e se surpreende com o quanto gastou. É um processo olhar, acompanhar, e saber quanto vai pagar no final do mês. Querendo ou não falar sobre dinheiro é associado ao medo, ansiedade, estresse e dor de cabeça. Mas se a gente conseguir olhar para isso cotidianamente já é um um passo bem grande para a saúde financeira e para a nossa saúde mental de modo geral. 

Quais dicas você daria para os jovens que querem começar a investir?

O primeiro passo é se planejar, porque às vezes a gente não conta com a quantidade de gastos que a gente vai ter quando começa a morar sozinho. E não é só condomínio, tem luz, água, mercado e várias despesas que às vezes as pessoas nunca tiveram contato antes e que custa dinheiro. O segundo passo é começar a guardar dinheiro para montar uma reserva de emergência. Para quem ainda mora com os pais esse passo pode ser mais fácil. 

Agora, existem muitas possibilidades para quem quer começar a investir. É possível abrir uma conta numa corretora de investimentos, por exemplo. Ou colocar o dinheiro em cofrinhos digitais que rendem um pouquinho todo mês. Essa modalidade é legal pois é um dinheiro que fica separado e a pessoa não o vê todos os dias. Em uma pesquisa rápida você pode pesquisar por investimentos em CDB (Certificados de Depósito Bancário) e CDI (Certificado de Depósito Interbancário), por exemplo.

(Esses investimentos que o Alan comentou – CDB e CDI – são de renda fixa e são conhecidos por serem super seguros)

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Qual a importância de falar sobre saúde financeira com a população de baixa renda e também para mulheres que buscam independência financeira?  

Esse, para mim, é o ponto mais importante. Meu foco não é nem estabelecer uma educação formal, mas uma conscientização para a população como um todo. Aquele pouquinho que a gente consegue poupar já faz muita diferença. Aqui, no Brasil, esse papo precisa acontecer principalmente pelo nosso histórico de endividamento. 

(Segundo dados da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), o nível de endividamento dos brasileiros chegou ao maior nível histórico já registrado neste ano de 77,9% da população. Ou seja, tá na hora de mudarmos isso, né? E quanto antes, melhor!)

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