A geração que cria muito conteúdo, mas esquece de registrar memórias

Quando tudo vira post, o que sobra para guardar no coração?

Por Juliana Morales 4 out 2025, 13h00
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feed zero virou uma tendência da nossa galera, mas não representa um afastamento dos jovens das redes sociais. Pelo contrário, o tempo de tela tem só aumentado. Então, sim, eles continuam presentes ali, só que a forma de alimentar os perfis e interagir nas plataformas passou por mudanças. 

Em uma trend recente, jovens refletiram sobre como, hoje, pensam mil vezes antes de postar uma simples imagem no Instagram. Eles comparam com o passado, quando não tinham esse problema, compartilhavam mais registros do dia a dia, sem ficar analisando e julgando tanto.

Se antes, o feed do Instagram era usado como um álbum de fotos, para compartilhar bons momentos e selfies, mas hoje ele foi muito abandonado pela nossa galera, que opta pelo stories (ou nem isso). Não é à toa que perfis de daily ou até o próprio dix têm sido uma saída para muitos jovens que buscam um lugar para postar mais do cotidiano, sem filtros e livre da perfeição ou da exigência do “instagramável”, e mais intimista. 

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Na era da influência digital, das trends e de tudo aesthetic, os vídeos e fotos ganharam novas funções ligadas à produção de conteúdo, enquanto o poder de se tornarem lembranças acaba, muitas vezes, sendo esquecido. A jovem Julia Neves publicou um vídeo no TikTok refletindo que “daqui alguns anos, os jovens irão se arrepender, amargamente, das mídias que são feitas atualmente”. 

“Esses dias eu sentei com a minha família para a gente assistir as fitas que eles gravavam antigamente, como a do meu aniversário de dois anos, e foi muito gostoso ver cada vídeo”, conta. “E aí eu tive a percepção de que eu não vou passar por isso, porque quando chegar na minha idade de mostrar esses vídeos para os meus filhos, eu vou ter vídeos de 15 segundos, que é o tempo máximo dos stories”, continuou. 

Ela diz que, no futuro, não vai ser possível relembrar o que aconteceu por meio das mídias, porque os registros estão todos no conceito aesthetic, mostrando pouco das coisas. Ao perceber isso, a jovem começou a mudar o jeito de gravar e fazer os vídeos. “Agora, ao invés de criar conteúdo, eu estou mais preocupada em documentar a minha vida”, afirma. Ela dá um exemplo: “eu faço um vídeo do prato que eu pedi no restaurante, mas eu também filmo quem está na minha frente comendo.”

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Depois de mudar esse comportamento, a jovem relata que começou a postar cada vez menos e parou de postar em tempo real também. “Já perdeu o sentido, para mim, postar uma coisa para ser vista agora pelas pessoas de agora, para ser conceitual agora. Eu estou preocupada em ter memórias e lembranças”, defende. 

Uma outra trend que rolou recentemente no TikTok abordou sobre isso de um jeito muito legal. Em vídeos de aniversários, as pessoas falaram que demoraram muito tempo para perceber que “os vídeos de aniversário precisam ser gravados do lado contrário” ‒ ou seja, não focar só no aniversariante ou no bolo, mas mostrar todas as pessoas especiais que estavam compartilhando aquele momento. 

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E aí, já tinha parado para pensar sobre isso?

 

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