A campeã de judô Layana Colman bota os garotos no chão – ou melhor, no tatame

Ela levou o ouro nos Jogos Olímpicos da Juventude em 2014. E tem tudo para tornar-se uma campeã olímpica

Por Da Redação Atualizado em 4 nov 2024, 15h11 - Publicado em 9 jun 2015, 20h10

Em 2012, Layana Colman, então com 15 anos, faturou uma medalha de prata no campeonato Panamericano que rolou no Panamá. O que para você pode parecer uma grande conquista, para ela era no início de uma crise existencial. Layana queria o ouro. “Meu treinador me perguntou o que eu realmente queria.” Enquanto você entrava no primeiro ano do ensino médio, Layana tomava a decisão que mudaria sua vida pra sempre. E então ela decidiu que o Judô era sua vida.

Não que já não fosse. A coisa toda começou quando ela tinha só nove anos. Uma amiga a convidou pra treinar junto com ela. Mas quem se destacou foi a Lay. E não demorou nem um ano pra que ela começasse a participar de competições pela seleção brasileira de Judô. “Desde pequena eu tive que deixar muita coisa de lado. Tinha treino até no sábado. Chegava o sábado à noite e eu estava muito cansada.”

Em casa, ela tinha todo o apoio do pai, juiz de futebol, em Campo Grande, Mato Grosso, onde ela vive. Mas, no início, entre chaves de braço, estrangulamentos e imobilizações ? os golpes em que Layana é especialista — ela precisava enfrentar a resistência da mãe, que morria de medo de ela perder a feminilidade. “Ela vivia pegando no meu pé. Então eu estava sempre de unha pintada e cabelo arrumado”, diverte-se.

Ao voltar do Panamá, os treinos e campeonatos se intensificaram. Por sorte, a escola era maleável com a atleta. “Era muito difícil. Eu faltava demais. Conforme ficava mais velha, viajava o tempo todo.” Aí, ela tinha que recuperar tudo quando voltava. A pressão para conseguir resultados aumentou também. “Treinar muito não é garantia de dar certo. Então você vive de se preparar para uma coisa que você não sabe se vai funcionar. Não pode sair, tem que fazer dieta…”

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No judô, o peso é superimportante, porque ele determina a categoria em que a garota está. Até o ano passado, Lay, que tem 1,63 m, concorria na categoria até 52 kg. Pra alcançar o resultado, ela tem à disposição nutricionista e psicólogo, além dos treinadores, claro. Agora, ela mudou de categoria ? pode chegar a 57 kg. Mas jura que não é tão difícil manter o peso. “Em um só treino, chego a perder 1 kg!”. A nutricionista, então, faz um plano para ajudá-la a repor todos os nutrientes e calorias que ela perdeu.

Os resultados começaram surpreender. Em 2013 ela ficou com o terceiro lugar no Mundial Sub18 que rolou em Miami ? derrotou uma bielorussa. E, em 2014, ganhou ouro nos Jogos Olímpicos da Juventude de Nanquim, na China, espécie de olimpíadas teen, hahaha. Em apenas 1 minuto e 22 segundos, zaz!, ela derrubou uma atleta búlgara com uma chave de braço. Eita! “Chorei muito no pódio. Eu queria tanto trazer essa medalha? Segui a dieta certinho, adiei os trabalhos da escola, chegava em casa exausta dos treinos!” Ao voltar pra casa, foi recebida com festa. Desfilou pela cidade em carro de bombeiro e seu deu ao direito de se acabar na pista de uma balada feita especialmente pra ela.

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China, Estados Unidos, Panamá, Argentina, França, Turquia, Japão. Só nesses rolês dos campeonatos, Layana já conheceu mais de quinze países. Hoje, está focada em conhecer Abu Dabi, onde vai rolar o Mundial, e nos Jogos Olímpicos do? Japão! “Acabei de mudar de categoria, por isso não tenho chances nas seletivas do Rio”, explica.

Agora ela faz faculdade de educação física e continua treinando todo dia. São duas sessões de 1h30 cada. Nos tatames, costuma enfrentar os meninos com até 5 quilos a mais que ela — “deixa a menina mais forte”. E não é que ela bota eles abaixo? “Estão acostumados?, diz. “Sou muito bruta, não tenho dó.” Outro que ela bota no chão é seu namorado (brinks!) . Eles se conhecem há quatro anos — nos tatames, claro — mas só há quatro meses estão juntos. A brecha que ele encontrou foi uma lesão no joelho. “Foi a época em que mais saí na vida, porque não podia treinar. Ele percebeu que estava carente e começou a cuidar de mim.” <3

Por que a Layana acredita que esporte é importante pra qualquer garota? “Ele faz você passar por situações difíceis. E amadurecer mais rápido.”

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Esta é mais uma reportagem da série #GarotasdoEsporte, que tem o objetivo de fortalecer e valorizar o esporte feminino. Aqui, você vai ficar conhecendo as meninas que mais se destacam no esporte brasileiro, as que têm chance de ir pra Olimpíada? Além de formar o time Olímpico CH, quem sabe você não se inspira e bota o corpo pra mexer também? Ah, e se você quiser indicar alguma atleta por quem torce, envie um e-mail pra mim: tschibuola@abril.com.br .

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