A agressão em cima Lindsay Lohan e a mania de tentar justificar
Como justificar o injustificável?
“Mas ele estava bêbado”. Sem dúvida, você já deve ter escutado essa frase no colégio, em casa, na festa, na novela. Dita por uma irmã mais velha, prima, amiga, mãe, desconhecida, familiar. É que a gente tem o errado costume de minimizar atos bizarros de pessoas bêbadas jogando a culpa no álcool.
Veja, por exemplo, o que aconteceu recentemente com a Lindsay Lohan. A atriz foi agredida pelo até então noivo, Egor Tarabasov, que queria pegar o celular que estava com ela. Ele foi bruto, usou de força física desnecessária, tirou parte da roupa da atriz, armou um papelão, entrou para a micão tour, foi um babaca, quis dar uma de macho alfa. Mas ele “bebeu muito e ficou louco”, segundo LiLo.
Precisamos parar de tentar justificar atos falhos com embriaguez. O álcool é um estimulante, um desinibidor? Pode até ser. Contudo, já percebeu que essas palavras servem para potencializar uma característica que já existe? Estimular o machismo, desinibir o machista. Agressões como a que Lohan sofreu podem não virar caso de polícia, podem ser consideradas como briguinhas de casal, mas, no Brasil, uma denúncia de violência contra mulher é feita a cada sete minutos, de acordo com a Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República. Muitos desses casos são motivados pela bebida. Parceiros bêbados agridem suas companheiras, se aproveitam sexualmente delas, as torturam psicologicamente. E isso não é novidade. Centenas de avós, bisavós, tataravós, sofreram na mão de maridos viciados em bebidas alcoólicas e não tinham coragem de se divorciar pois ficariam mal faladas. Daí restava colocar a culpa no álcool para justificar os atos abusivos do parceiro.
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“Nenhuma mulher pode ser tratada assim e permanecer com a outra pessoa”, comentou LiLo. A atriz terminou o relacionamento. Os tempos são outros. Ainda bem! Talvez, hoje, aquela avó não precisasse aceitar os desaforos e a violência do marido calada. A culpa não é da bebida. A culpa é da pessoa que te agrediu, independentemente da causa. E se ela fez uma vez, talvez faça de novo. E aí até quando responsabilizar uma substância?
De quem é a culpa, afinal?