9 tipos de ‘fantasias’ que, na verdade, não são fantasias
Sua liberdade não pode jamais ferir a existência do outro nem apropriar-se de uma cultura que não é a sua.
O Halloween é uma das épocas mais divertidas do ano, principalmente se você ama histórias de terror e festas à fantasia. Mas é importante ficar atenta na escolha do look! Na hora da empolgação, ele pode até parecer inofensivo e muito criativo, porém, se analisar bem, vai perceber que, na verdade, a escolha pode ofender algumas pessoas.
Muitos tratam essa questão como um caso de apropriação cultural, mas é muito menos complexo e polêmico que isso. É uma questão de sensibilidade. Ao final desta matéria, talvez você perceba que colocar um cocar de índio e fazer rabiscos na pele não sejam a melhor escolha.
1. Anne Frank
O tweet abaixo foi o estopim para o retorno dessa discussão. Homenagear aquela figura histórica que você tanto admira não é errado, porém é importante analisar o contexto em que essa pessoa viveu e o que ela representou. Anne Frank foi uma grota forte que sofreu muito durante o período nazista. Sua boina tinha um significado, assim como seu casaco e seu diário. Transformar toda a história da adolescente em mera fantasia é ofensivo para a cultura judaica.
2. Black face
Não, gente, não pode. Antigamente, muitos atores pintavam o rosto com tinta preta e isso não era visto como algo pejorativo. Contudo, com o tempo, os movimentos negros foram se fortalecendo e manifestando desagrado com relação a isso. Primeiro, porque um ator negro podia estar interpretando o personagem ao invés de pintarem o corpo de um ator branco. Segundo, que essa atitude vinha sempre acompanhada de uma zoação. Terceiro, eles estavam se apropriando da cultura afro para, muitas vezes, fazer piada ou transformá-la em uma fantasia. O mesmo vale para looks que ironizam diferentes tipos de cabelo, como o Black Power – que também é um movimento negro.
3. Transexuais
Quando o mundo conheceu Caitlyn Jenner, não demorou muito para que lojas de fantasia lançassem roupas inspiradas na capa marcante da revista Vanity Fair, que mostra a socialite após a transição. Ou seja, os estabelecimentos pegaram um assunto seríssimo (identidade de gênero) e o transformaram em ~zoeirinha~. E se você acha que o fato de Caitlyn ser uma figura pública justifica, está enganada.
4. Hitler
Como se já não fosse ruim o bastante vestir-se de um ditador nazista, você o transforma em uma fantasia de casal em que sua parceira segura as cinzas da mãe de Anne Frank. Vamos por partes: você se vestir de Hitler ou de qualquer outro personagem machista, misógino e que tenha matado milhares e milhares de pessoas já é questionável (porque ou você está tirando zarro de algo que foi extremamente doloroso ou você está homenageando tal figura), você simular uma agressão sexual a uma mulher que está segurando as cinzas de uma mulher, ironizando os campos de concentração, só torna a coisa ainda mais assustadora. Not cool at all, dudes!
5. Kim Kardashian sequestrada
Não é preciso nem dizer que não é nada legal e humano você brincar com um trauma que uma pessoa viveu, né? O fato de Kim ser uma pessoa pública, mais uma vez, não justifica.
6. Índia, Havaiana, Baiana, Cigana, Odalisca…
… Ou qualquer outro símbolo religioso ou cultural. O problema aqui é bem parecido com alguns já debatidos acima, como nos tópicos Black Face e Anne Franke: você se apropria de uma cultura que, na maioria das vezes, não é sua e não representa para você nada além de uma roupas. O negócio só piora quando você sexualiza tais fantasias. Por exemplo, você pega a burka, um traje típico islâmico, famoso por cobrir todo o corpo da mulher, e faz alguns ajustes para deixá-lo sexy. O mesmo acontece com a temática “freira sexy”, por exemplo. Você não expõe só a mulher, mas os seus costumes.
7. Terrorista
Ao usar trajes do tipo, você contribui para generalizar e estereotipar um povo. Nem todo muçulmano é terrorista e nem todo ato de terrorismo é praticado por pessoas que vêm do Oriente Médio.
8. Mulher gorda
Fantasias do tipo contribuem para a gordofobia e ironizam uma condição física. Não precisamos nem dizer que só piora quando você é branca e se veste de uma mulher gorda negra, né? O mesmo questionamento acontece com o inverso, quando a pessoa usa uma fantasia que faz apologia à bulimia ou anorexia.
9. Feminista fake
Além de fazer pouco caso de um movimento importantíssimo para a história das mulheres ao longo dos anos, você estereotipa e generaliza não só as feministas, mas toda a conquista delas e os problemas diários enfrentando pelas mulheres, como machismo, assédio, agressão, desigualdade e por aí vai.
“Ah, mas e se a minha tataravó for cigana e eu quiser homenageá-la com uma fantasia?”. Essa questão de certo e errado depende muito da consciência de cada um. A pergunta que você deve sempre fazer para si mesma antes de usar uma fantasia é: (1) se eu estou minimamente incomodada com ela, será que não tem um porquê? e (2) ela pode ofender alguma pessoa, cultura ou religião?
De resto, vista-se de seu personagem favorito e curta muito o Halloween! o/