Sociedade

Em 2025, me tornei uma grande defensora das antas

Sim, as antas, maiores mamíferos terrestres do Brasil, que frequentemente são usadas como ofensa, mas de forma injusta, pois chamar alguém de anta é elogio.

Por Barbara Poerner, especial para a CAPRICHO Atualizado em 30 set 2025, 16h01 - Publicado em 27 set 2025, 06h00

e tornei uma defensora das antas porque elas são essenciais para a biodiversidade brasileira. Herbívoras, as antas são conhecidas como “jardineiras da floresta” pois dispersam frutos e sementes pelas longas distâncias onde caminham. Estudos mostram que áreas onde os animais estão presentes são mais biodiversas e conservadas, sabia? Além disso, o que passa pelo seu trato digestivo fica mais propenso a germinar, e consequentemente garantir a biodiversidade de uma região.

Aprendi tudo isso fazendo o roteiro e a assistência de direção de ANTA – O FILME, documentário da produtora Nitro que irá contar a história da Iniciativa Nacional para a Conservação da Anta Brasileira (INCAB-IPÊ) e de sua fundadora, Patrícia Medici. O filme está em produção e tem previsão de estreia em 2026, quando a INCAB-IPÊ completa 30 anos.

Patrícia é uma das principais referências em conservação do mundo. Ela também fez parte da fundação do Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ), organização na qual a INCAB está ancorada. Seu interesse pelas antas começou no início de sua carreira como engenheira ambiental ao se encantar pelo animal devido a sua importância para os ecossistemas e também pelo seu potencial de responder perguntas sobre conservação – e inaugurar muitas outras.

As antas estão, contudo, sofrendo diversas ameaças. Uma delas são as coalizões veiculares. Mais de 700 antas foram mortas dessa forma só no Mato Grosso do Sul em um intervalo de sete anos; nesses episódios, 49 pessoas morreram, o que reforça a necessidade do poder público de melhorar as rodovias e criar políticas específicas para o problema.

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Além disso, as mudanças climáticas impactam seus habitats, reduzindo sua área de ocupação. As antas são animais solitários e noturnos e o Pantanal é, atualmente, considerado seu “paraíso”, pois no bioma elas sofrem poucas ameaças. Diferente do Cerrado, onde o animal é pressionado pelo desmatamento e por agrotóxicos.

Essa foi uma descoberta da INCAB-IPÊ, que em 2015 e 2017 pesquisou as antas do bioma para identificar agroquímicos e metais em seus organismos, pois havia notado alterações metabólicas nos animais. O resultado revelou a contaminação de várias delas, incentivando a investigação com as populações humanas do mesmo território – que também estão contaminadas, conforme apontou a pesquisa realizada pela iniciativa em 2023 e 2024.

Acompanhar o trabalho da INCAB-IPÊ, de Patrícia e de sua equipe tão comprometida me possibilita não apenas saber mais sobre as antas (o que já é muito legal!), mas presenciar a importância da conservação e das conservacionistas. Em um mundo que vive uma policrise (com crises climáticas, democráticas, políticas e econômicas) todo trabalho para enfrentá-la e tornar o planeta um pouco melhor importa MUITO.

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Se trabalhar com as antas, como diz Patrícia, é uma forma de responder e fazer perguntas profundas sobre conservação, documentar essa história é contribuir para que elas sejam amplificadas e incentivem eu, você e todas nós a pensarmos: como também posso ser uma conservacionista? O que eu estou fazendo, dentro das minhas condições, para deixar o mundo um pouco melhor?

Espero que essas questões sempre te acompanhem e que, em 2026, ANTA – O FILME ocupe alguma de suas telas. Porque, no fim, essa conversa começa com as antas, mas está longe de terminar com elas.

RONDA CLIMÁTICA 🌳

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