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Temos muito a aprender com Betinho e sua luta contra a ditadura e a fome

O ator Gabriel Palhares, que faz parte do elenco da série 'Betinho: No Fio da Navalha', fala da importância da história de Herbert de Sousa

Por Enzo Araújo Atualizado em 4 abr 2024, 11h31 - Publicado em 28 mar 2024, 20h17
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este domingo, 31 de março, faz 60 anos que aconteceu o Golpe Militar de 1964, que antecedeu um período marcado pela censura, sequestros e execuções. Neste meu primeiro texto para o Blog da Galera, falarei sobre um brasileiro que foi perseguido e lutou contra ditadura e ainda foi um símbolo do combate à fome naquela época. O Herbert de Sousa, mais conhecido como Betinho.

Para entendermos melhor sobre quem foi esse homem fundamental para a história do Brasil, conversei com o ator Gabriel Palhares, de 16 anos, que interpretou Henrique Nakano, o filho mais novo de Hebert, na série ‘Betinho: No Fio da Navalha’. A produção original do GloboPlay, que estreou no final do ano passado, conta a trajetória do sociólogo desde a perseguição política em 64 até sua morte, mostrando momentos da sua adolescência que foram importantes em sua história.

Quem foi Hebert de Sousa, o Betinho?

Betinho nasceu no norte de Minas Gerais, junto com seus dois irmãos – o cartunista Henfil e o músico Chico Mário. Ele foi sociólogo e ativista de direitos humanos. Sua militância começou ainda na adolescência, na Ação Católica, em Belo Horizonte. Na UFMG, foi um dos fundadores da Ação Popular (AP). Depois de formado, engajou-se na luta pelas reformas de base do governo João Goulart, contra a fome, e até mesmo contra a ditadura, pondo sua vida em risco.

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“Betinho foi um cara fantástico, é impossível falar dele, sem citar os inúmeros problemas enfrentados por ele, e tudo começou muito cedo quando sua mãe descobriu que o filho tinha nascido com hemofilia, o que futuramente se agravaria para uma tuberculose”, diz Gabriel Palhares. Ele continua: “Além de todos essas causas, Herbert passou fome, foi exilado para o Canadá, México e Chile, e depois de anos longe de sua família, pode retomar ao seu lar e voltar a defender seu país, só não esperava que após uma transfusão de sangue, adquiriria a AIDs”, completa.

O ator ressalta que o mundo precisa aprender lições com a história do Betinho. “Ele era muito inteligente, um grande pensador, além de uma pessoa muito do bem. Conhecer mais sobre alguém assim tão gentil e tão empático te transforma e te muda para melhor”, diz.

A importância de contar essa história

Gabriel conta que entender as lutas e dores de Betinho também foi essencial para a preparação de seu personagem, principalmente em algumas cenas mais emotivas, como o da despedida de Henrique no leito de morte do pai. “Eu tive que entrar nesse sentimento de como o filho dele, o Henrique, estaria sentindo naquela hora de ter praticamente certeza que aquela seria a última vez que você ia conversar com seu próprio pai. Eu nunca tinha feito uma cena que exigisse tanto de mim como ator”, relembra, e acrescenta que a sensação e o sentimento tomou conta da sala inteira.

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“O que eu tirei de mais importante do que estudei sobre a história do Betinho é a parte de sensibilizar pelo outro. Hoje em dia, no mundo em geral, a gente perde a empatia, que é uma coisa muito necessária. Você cuidar do próximo, e pensar pelo próximo, e principalmente saber que fazer o bem gera o bem”, reflete.

O jovem de 16 anos exalta a parceira com os seus colegas de elenco, em especial do ator Júlio Andrade, que interpretou Betinho. “Todo dia de gravação era uma aula. É uma coisa inacreditável de ver o quanto o Júlio estava entregue, e como ele era generoso com as outras pessoas, e como ator ele também me ensinou bastante. A gente tinha trocas muito verdadeiras, era uma relação realmente em cena, e fora de cena”, diz.

Gabriel Palhares e Júlio Andrade nos Bastidores de
Gabriel Palhares e Júlio Andrade nos Bastidores de “Betinho: No Fio da Navalha” Arquivo Pessoal/Reprodução

Gabriel acredita que, assim como ele, todo mundo que assiste a série sai com uma lição de vida. “A história te conecta muito e você se transforma e muda para melhor”. O sucesso da produção brasileira que o jovem exalta está refletido em recordes incríveis. ‘Betinho: No Fio da Navalha’ está concorrendo a grandes premiações internacionais como o Festival de Cinema de Berlim, Canadá, e é a primeira série brasileira a concorrer a grandes categorias no Festival de Cannes, na França.

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