
Cobrança excessiva por produtividade acaba com a beleza da nossa juventude
Será que você não está tentando colocar em prática uma rotina idealizada e totalmente fora da sua realidade?
cordar às 4h da manhã, ir à academia, correr, tomar café, estudar, ir ao trabalho, arrumar a casa, fazer comida, comer bem. E, claro, ter um tempo para fazer meditação ou praticar algum hobby, e depois ter uma ótima noite de sono. No dia seguinte, a mesma coisa, sem perder o ritmo…
Provavelmente você já se deparou com algum conteúdo de rotina assim em alguma rede social, e te fez pensar: “se essa pessoa consegue, eu também consigo”. Mas será que realmente estamos todos no mesmo barco?
Você também já deve ter ouvido frases como “trabalhe enquanto eles dormem” ou “quem quer, consegue”. Mais uma vez: será mesmo? Vale deixar claro que o problema não está em querer ser produtivo e, sim, o esforço nos traz recompensas, mas devemos levar em consideração muitos fatores.
O tempo que você leva para chegar ao trabalho, a realidade em que você vive, quantas conduções você pega em um dia, o salário que você recebe, suas obrigações em casa… E muitos outros pontos que nos levam ao início da coisa toda: as diferenças de classe. A ideia de que “todos temos as mesmas 24 horas” ignora uma desigualdade estrutural, percebe?
Quando você nasce de uma realidade financeira limitada, cresce vendo as pessoas ao seu redor trabalhando excessivamente e, muitas vezes, perdendo a vida que acontece à sua volta, é comum que, estar exposto a realidades distintas, com acesso ao que você não teve, pareça um prato apetitoso. Mas o problema real começa quando nos colocamos em uma situação de autocobrança para ter aquela mesma produtividade, fazer todas as coisas em um dia, ignorando todo o resto, que, diferente do que o conteúdo meritocrático vende, importam, sim.
Talvez você não perceba, mas é um vítima da superprodutividade
Você já abandonou algum hobby por ter começado uma rotina agitada por conta do trabalho ou dos estudos? Faz tempo que você não aprende algo novo? Algo que não envolva estar no celular rodando uma tela cheia de algoritmos? Se sim, saiba que você não é o único. Sentir que está atrasado, improdutivo, mesmo quando está fazendo o máximo possível dentro das suas condições, é comum quando estamos expostos a tantas realidades diferentes e a comparação se torna normal.
Muitos jovens crescem sentindo que precisam estar sempre ocupados, conquistando algo, melhorando, produzindo conteúdo, adquirindo hobbies o tempo todo – como se viver fosse uma corrida por validação e eficiência. E a juventude, que por si só, já nos traz tantos dilemas, fica ainda mais complicada quando até um ato de autocuidado e lazer se torna tópicos em uma checklist.
A rotina produtiva não é ruim, e é bom ter tempo para fazer aquilo que gostamos no tempo livre, mas não podemos nos esquecer que a produtividade também é um privilégio: enquanto algum influenciador acorda às 4h da manhã para ir correr, algum trabalhador acorda nesse mesmo horário para ir pegar um transporte público e ir trabalhar, e essa rotina não é algo desejável e sim sobrevivência.
Vivemos em contextos diferentes e nos iludir com a exposição a uma uma rotina de espetáculos, com vídeos de 30 segundos que ocultam a verdadeira realidade, não faz sentido. Respeitar o seu ritmo e o seu corpo para ser produtivo de um jeito que caiba no seu dia é um processo. Até chegar lá, lembre-se de que o descanso não é sinônimo de fracasso, viu? Você precisa dele também!
Nossa vida, nosso tempo e todas as dificuldades que passamos em um dia ruim não cabem em um planner, e, sim, está tudo bem!
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