Imagine o seguinte conto de fadas: uma donzela se casa com um príncipe e, por causa de uma maldição, não pode falar com ele. Diante da tristeza do marido por sua atitude, a moça resolve enfrentar o feitiço e conversar com o rapaz. A desobediência faz com seja punida e “perca sua beleza”: a princesa, então, se transforma em uma mulher negra com cabelo cacheado e cicatrizes no rosto. Se fosse uma história de séculos atrás já seria horrível, certo? Mas fica pior, pois se trata do enredo de um desenho divulgado recentemente no YouTube.
O vídeo, Dina and the Prince Story, foi exibido dias atrás no canal infantil My Pingu TV, que atualmente conta com mais de 700 mil inscritos. Dina, a princesa em questão (que também é um anjo), tem pele branca, olhos claros, cabelo comprido, liso e castanho. Quando fala com o príncipe, ela se transforma e, conforme o próprio narrador, “perde seu brilho”. Absurdo atrás de absurdo. Assista a um trecho compartilhado no Twitter:
Esta versão do desenho acabou deletada depois das inúmeras críticas que recebeu. Não é preciso fazer uma análise muito profunda para entender que acreditar na ideia de que uma determinada cor de pele é bonita e outra não (e mais, ensinar isso a crianças) é um exemplo óbvio de racismo, certo?
A história segue com Dina encontrando o marido, que fica surpreso ao vê-la, mas que afirma não ligar para sua aparência, já que o mais importante é poder falar com ela. No fim, o “amor verdadeiro” quebra a maldição e ela retoma suas características originais.
Na tentativa de se redimir, dias atrás, o canal divulgou uma nova versão do conto. Nela, Dina é punida com orelhas pontudas, um nariz diferente e olhos de tamanhos distintos. Antes do desenho começar, há um pedido de desculpas para os espectadores. “Nós e nossa equipe de animação cometemos um grande erro. Garantimos que não foi intencional e prometemos que isso não acontecerá de novo. Obrigado por todo o seu apoio ao nosso canal todos esses anos”, diz a mensagem.
Qual sua opinião sobre tudo isso, hein?