Após 3 anos, modelo presa por ter sido reconhecida pelo cabelo é absolvida
Testemunhas apontaram a bailarina como cúmplice de um assalto por conta de seus fios cacheados
Nesta quarta-feira (13/5), a bailarina Barbara Querino foi absolvida de um crime que não cometeu. Lutando na justiça há quase três anos para provar sua inocência, a modelo, que foi acusada de ser cúmplice de um roubo em 2017 pelas vítimas (que supostamente a haviam reconhecido por conta do seu cabelo cacheado) celebrou em suas redes sociais a decisão judicial.
No final de 2017, Barbara foi presa sob a acusação de ter participado de um roubo de carro em São Paulo, que também envolvia seu irmão e um primo. A modelo foi reconhecida pelas vítimas com o argumento de que seu cabelo era igual ao de uma das pessoas que estavam no assalto. Porém, na mesma data em que tudo aconteceu, a dançarina se encontrava no Guarujá, no litoral paulista.
Apesar das provas e do relato de testemunhas que confirmaram estar com ela no momento do crime, a jovem foi condenada pela justiça e chegou a cumprir um ano e sete meses da pena em regime fechado. Em setembro de 2019, Barbara recorreu em segunda instância da condenação e obteve a resposta nesta semana.
Na decisão, o desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo, Guilherme Souza Nucci, criticou o fato de Barbara ter sido reconhecida por seus cabelos, já que eles não apresentam nenhuma característica marcante que pudessem identificá-la, e reiterou o fato de ela ter um álibi para o momento do crime e provas concretas para sustentá-lo. “A primeira identificação da acusada pelas vítimas ocorreu, em circunstâncias pouco esclarecidas (vítimas vizinhas de condomínio do delegado), por meio de fotografias enviadas pelo aplicativo WhatsApp, quando os ofendidos reconheceram Bárbara em razão de seu cabelo, circunstância, no mínimo, peculiar, sobretudo pela ausência de traços diferenciais no cabelo da referida acusada“, disse na absolvição.
Desde a prisão, Barbara fala sobre o racismo que sofreu. “Não é só o judiciário que é racista. O Brasil é racista e preconceituoso de todas as formas“, disse a modelo em entrevista ao UOL. “Ela [a vítima] falou que reconheceu o meu cabelo. Sendo que aqui em São Paulo o que você mais vê é um cabelo igual ao meu”, completou.