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Thais Rodrigues doou seu cabelo cinco anos após vencer o câncer

A paulistana conta como foi superar a doença e ajudar quem agora está enfrentando um inimigo que ela conhece bem. #doecabelodoealegria

Por Isabella Otto Atualizado em 17 ago 2016, 13h54 - Publicado em 24 Maio 2014, 18h20

“Eu adorava ler CAPRICHO quando ficava no hospital!”. Essa foi uma das últimas frases que a Thais Rodrigues, 21 anos, me disse durante a entrevista. Aos 15, ela foi diagnosticada com Linfoma de Hodgkin, um câncer que tem origem nos gânglios do Sistema Linfático. Foram 16 meses de luta contra a doença, que resolveu retornar na metade do tratamento. ” Me emociono só de lembrar que passei por quimioterapia, autotransplante de medula e radioterapia. Às vezes, parecia que não ia acabar”, conta Thais, que, hoje, cinco anos após receber alta do tratamento, resolveu doar o cabelão, que um dia fez tanta falta, para quem ainda está enfrentando uma luta que ela já venceu.

2007

“Na época, eu tinha sonhos como qualquer garota de 15 anos. Adorava sair com a turma, dar risada e dançar como se não houvesse ninguém olhando. Eu não era uma pessoa parada. Mas no final do ano tudo mudou.”

2008

SINTOMAS

“Em janeiro, comecei a sentir muita dor nas costas. Elas eram tão fortes que eu andava curvada ou passava o dia todo enrolada embaixo das cobertas . Meu peso também começou a cair e passei do manequim 40 para o 36 em apenas um mês. Tentava disfarçar, mas minha mãe acabou marcando uma consulta com a minha pediatra, pois o médico que havia ido antes falou que eu não tinha nada e só pediu um raio-x da coluna. O exame de sangue que fiz detectou que eu estava com uma anemia profunda. As suspeitas iniciais eram de Leucemia, HIV ou Tuberculose.”

NOTÍCIA

“Uma semana após ficar internada e fazer uma bateria de exames, o médico me chamou para conversar. ‘ Gostaria muito de dizer que o que você tem é uma infecção, que passaria com alguns antibióticos. Mas não. Você tem um tumor que exige tratamento quimioterápico’, ele disse. Na hora, comecei a chorar. Mas depois de ir ao banheiro e lavar o rosto, olhei no espelho e disse para mim mesma: ‘ Essa doença não é minha. Eu não nasci com ela e não a quero para mim’ .”

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TRATAMENTO

“A primeira sessão de quimioterapia foi mais fácil do que eu esperava. Em compensação, as seguintes foram terríveis! Eu vomitava e sentia muito, muito sono. Foram 16 meses de tratamento no total, pois após os primeiros 8 meses, descobri que a doença tinha voltado. Então precisei começar tudo de novo.”

2009

CABELO

“Meu cabelo caiu de vez em abril. Eu estava me arrumando para a escola, quando fui fazer um rabo de cavalo e o cabelo veio todo na minha mão. Estava no 3º ano do Ensimo Médio e decidi, na hora, que não iria mais para o colégio. O cabelo é a moldura do rosto e a gente se sente muito feia sem ele. É muito difícil. Parece que todos te olham com dó.”

TRANSPLANTE

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“Minha imunidade foi a zero quando comecei a me preparar para o autotransplante de medula óssea. Não conseguia andar sozinha nem sentia o gosto da comida. Mas como as células já eram minhas, só foram tratadas em laboratório antes de voltarem para o meu corpo, não corri nenhum risco de rejeição. O transplante é rápido. Parece que você está tomando soro, mas, no lugar do soro, são células-tronco. Depois, comecei a fazer radioterapia, para acabar com os possíveis pequenos tumores que poderiam se desonvolver. Fui me sentindo melhor.”

2010

“Minha formatura do colégio aconteceu em fevereiro. Sim, eu entendi que fugir de tudo e de todos não era a solução; e segui em frente. Queria colocar mega hair, mas a Carla, minha cabeleireira, disse que meu cabelo ainda estava muito curtinho e que ficaria feio, pois daria para ver todos os nós do aplique. Então, no dia da festa, usei uma peruca. Me senti muito! Não me sentia daquele jeito havia muito tempo!”

2014

CONSEQUÊNCIA RUIM

“Os remédios que tomo até hoje são para tratar as doenças que surgiram por causa do forte tratamento. Hoje, tenho rinite e sinusite, por causa da imunidade baixa; tenho hipotiroidismo, por causa da radioterpia; e tomo hormônio para regular a menstruação.”

DOAÇÃO

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“Fazia 4 anos anos que eu não cortava o cabelo. Só tirava as pontinhas. Depois de tanto tempo sem ele, prometi a que iria deixá-lo bem grandão! Neste mês de maio, minha irmã comentou que tinha visto no Facebook da minha cabeleireira várias pessoas que doaram o cabelo. Não pensei duas vezes! Precisava de 10cm para dar certo. No final, consegui doar 32cm!”

– CONSEQUÊNCIA BOA

“Ajudar é muito bom, mas ajudar pessoas que estão passando pelo mesmo que você já passou é melhor ainda! Faz cinco anos que recebi alta do tratamento. Se a doença não voltar até o décimo ano, estou livre dela. A vida é uma professora severa. Muitas vezes, ela dá primeiro a prova para só então ensinar a lição. Eu aprendi que o mundo não para de girar enquanto você está chorando. Você precisa girar com ele. E, claro, nunca perder a fé que tudo ficará bem.”

Serviço:

Não importa a sua cidade, tem sempre alguém precisando de ajuda. Se informe!

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Cabelegria

A arrecadação é feita via correio e você recebe um certifiado após a instituição receber os fios.

Doe cabelo. Doe alegria.

Ação voluntária de doação de cabelos para a confecção de perucas.

Doe seu cabelo

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Arredação feita pelo Instituto Mário Penna, em Belo Horizonte.

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