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Por que criamos expectativas amorosas mesmo quando não devemos?

A vida é a constante arte de esperar por alguém ou algo.

Por Isabella Otto 6 nov 2016, 12h53

Uma das coisas mais angustiantes da vida é esperar uma mensagem chegar, uma que você queira muito. Hoje, nós esperamos por uma notificação no WhatsApp. Antes, por um recado no MSN, um e-mail, uma carta, um sinal de fumaça. Nós sempre esperamos, e essa espera é sempre angustiante.

Nós sempre criamos expectativas (e sempre vamos criar)

Com a tecnologia, esse tempo se tornou ainda mais incômodo. O último horário em que aquela pessoa ficou online, a insegurança de não saber se ela está demonstrando interesse por você e por mais cinco ou seis da lista de contatos. Isso não é ruim nem errado, mas torna as coisas ainda mais intensas – e inevitáveis.

Incerteza. É ela a causadora de todo esse aperto no coração. Será que mando mensagem? Mas e se eu estiver sendo babaca? E se eu estiver fazendo papel de trouxa? E se eu estiver incomodando? Estou deixando a conversa esfriar? Se ele mandou a última mensagem, tenho que tomar a iniciativa? E se eu esperar, esperar e esperar por uma mensagem que não vai chegar nunca? Mas se ela não chegar, é porque não era para ser, não é mesmo? Mas e se ela não chegar porque justamente não demonstrei interesse e outro alguém demonstrou? Como saber se está mesmo dando certo? Se é recíproco? Se ele não vai aparecer namorando outra pessoa amanhã? Se não sou um simples passatempo? Uma tentativa entre mil? Ao menos, eu tentei, certo? Ou fui uma completa iludida?

Nós sempre criamos expectativas (e sempre vamos criar)

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Não há garantia, e é por isso que não dá para acreditar nesse lance de não criar expectativas. É besteira!”Ah! Aconteceu quando eu já não tinha mais forças, quando eu menos esperava”. NÃO! A gente sempre espera e quem diz o contrário está mentindo – ou está se enganando. A gente espera, porque esperar é da natureza do ser humano, mesmo que não apostemos todas as fichas naquela possibilidade. A gente quer algo em troca mesmo que a gente saiba que não deveria, que as chances de dar certo são mínimas, que é melhor não ficar sonhando acordada e fazendo planos. Mas a partir do momento em que encostamos o topo da cabecinha na água, não tem mais volta: nós vamos mergulhar. É uma certeza. Aquela pode ser uma queda pequena e rápida, mas ela existe. E existe porque nós sempre temos um pinguinho de esperança, mesmo que bem lá no fundo. Mesmo que você tente esconder. Nós sempre acreditamos desacreditando que agora pode dar certo.

É possível esperar tudo e não esperar nada ao mesmo tempo. Há níveis diferentes de expectativa, mas ela sempre existe. Ela sempre está lá. Ela sempre esteve lá. Mesmo você tentando se convencer que não.

 

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